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 ESCOLA NATUREZA









Artigos

 

 

Artigo 1 - Uma Experiência na Introdução da Temática Ambiental na Formação de Professores para o Ensino Fundamental/ Amélia dos Santos, Gisela Yuka Shimizu  e Doris Mariani

 

Artigo 2 - Relação Áreas Verdes/Urbanização no Município de São Paulo: Levantamento dos Principais Parques/ Amélia dos Santos, Camila Pinho de Oliveira

 

Artigo 3 - Cólera no Nordeste: Tratamento e Prevenção/Amélia dos Santos; Adriana P. Vargas; Debora O. Lopes; Gisele M. M. Santana; Mais M. S. Petrini

 

Artigo 4 - Saúde Ambiental e Envelhecimento: conseqüências da interação Homem-Ambiente/Amélia dos Santos  e Oswaldo Campos Junior

 

Artigo 5 - Projeto Suarão: uma comunidade de aprendizagem. Diagnóstico de uma área para aplicação de um Modelo Metodológico Interdisciplinar e Multiprofissional, com eixo transversal em Educação Ambiental (Suarão, Itanhaém, SP, Brasil)/Amélia dos Santos, Oswaldo Campos Júnior, Fabiano Fernandes Toffoli, Mariana de Melo Rocha, Luci Fernandes de Lima, Clóvis Paes Marques

 

 

SANTOS, A; SHIMIZU, G. Y. & MARIANI, D.  2001  Uma experiência na introdução da Temática Ambiental na Formação de Professores para o Ensino Fundamental.  Anais do I Congresso de Educação Ambiental na Área do Pró-Mar-de-Dentro, FURG – Fundação Universidade do Rio Grande, Rev. Eletr. Do Mestrado em Educação Ambiental, ISSN 1517-1256,1 Rio Grande do Sul. Endereço internet: https://www.furg.br/ e Rev. De Educação Ambiental da FURG, Ambiente e Educação – Questões Ambientais e Educação: A Multiplicidade de Abordagens, Vol. 5/6, 2000/2001, ISSN 1413-8638, Ed. FURG, Rio Grande, RS, p.117-122.

 

 

UMA EXPERIÊNCIA NA INTRODUÇÃO DA TEMÁTICA AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

 

Amélia dos Santosa, Gisela Yuka Shimizua  e Doris Marianib

aDepartamento de Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

bCasa da Cultura Salvador Ligabue – Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo.

 

Resumo

A crescente série de problemas relacionados com as diversas formas de degradação ambiental e as conseqüências diretas sobre a qualidade de vida, vem despertando nas pessoas uma atenção maior na busca por formas de enfrentar e resolver tais questões.

No entanto, esta busca esbarra na falta do estabelecimento de políticas claras e específicas que possibilitem, na prática, o desenvolvimento de um trabalho em Educação Ambiental. Este deveria envolver não somente a Escola, mas a sociedade como um todo, no sentido de formar pessoas preocupadas, conscientes e responsáveis pelo ambiente onde vivem.

Como conseqüência, observa-se uma crescente insegurança no “como” e “o que” se trabalhar em Educação Ambiental, abrindo espaço ao surgimento de atividades, sob a mesma denominação, mas com objetivos diferentes e, muitas vezes até mesmo conflitantes com os conceitos de Educação e Ambiente. Por outro lado, observa-se um grande interesse na busca por informações e esclarecimentos.

Desta forma, esta experiência tratou da introdução da temática ambiental, na formação de alunos do Quadro do Magistério, futuros professores do Ensino Fundamental. Utilizou-se para tal uma abordagem onde se procurou sempre a reflexão e a discussão, como principais estratégias na mediação do conhecimento. Isto teve a finalidade de se construir representações do Ambiente e da Educação, que pudessem vir a embasar um trabalho coerente e realista em Educação Ambiental.

Assim, foi possível refletir sobre: (1) a caminhada do Homem na Terra e os consequentes impactos causados; (2) as diferentes percepções culturais do Ambiente e o valor de cada uma delas; (3) o ambiente individual e coletivo próximos; (4) os conceitos ecológicos que norteiam teorias e ações de gestão ambiental; e, finalmente, (5) a vivência e análise crítica de algumas práticas existentes.

Este trabalho sugeriu uma opção de abordagem na introdução desta temática, abrindo espaço para a reflexão. Ao concluir as atividades, notou-se nos participantes uma clara mudança na percepção e postura em relação ao ambiente.

 

Palavras chaves: educação ambiental; ensino fundamental; formação de professores

Eixo Temático: Fundamentos da Educação Ambiental

 

 

 

 I - Introdução

Sendo cada vez maior a preocupação mundial em relação à crise ambiental com a qual nos deparamos, a importância de ações efetivas para a preservação, a conservação do ambiente e consequente melhoria na qualidade de vida, tornaram-se consensuais e de caráter urgente.

A ação em Educação Ambiental neste contexto assume um papel de relevância, mas, por outro lado, expõe o indivíduo disposto a trabalhar nesta área a uma série de dúvidas sobre “como” e “o que” desenvolver. Isto é muito comum, devido à falta de políticas e especificações da ação em Educação Ambiental, o que vem determinando uma explosão de práticas e atividades diversas sob a mesma denominação.

A Casa da Cultura Salvador Ligabue e a E.E.P.S.G. Jácomo Stávale, São Paulo, SP, desde março de 1999 desenvolvia um Estudo de Meio intitulado “Meio Ambiente e Cotidiano: algumas histórias das transformações no bairro da Freguesia do Ó“. Esta atividade foi organizada por uma professora da escola e pela terceira autora do presente trabalho, com a participação dos alunos do 4º ano do Curso de Magistério. Posteriormente, sob a monitoria desses últimos, os alunos do Ensino Fundamental da mesma escola participaram de atividades como: Trilhas, Oficinas e Exposições. Estas tiveram o objetivo de realizar o reconhecimento e levantamento da história do bairro, o desenvolvimento da sua organização espacial, a análise das razões das transformações sofridas através do tempo. Dentro deste trabalho também foram observadas e identificadas, as condições de preservação do ambiente e os impactos causados pela ação humana.

Como apoio à atividade acima, foi organizado e ministrado aos alunos do 4º ano do Magistério, um curso de curta duração intitulado “O que é Educação Ambiental?”. Este teve como objetivo viabilizar práticas capazes de proporcionar a reflexão, a conscientização e o conhecimento, de forma a possibilitar uma maior compreensão, comprometimento, análise crítica e ações responsáveis em relação ao ambiente.

 

II – Objetivo

Apresentar o plano de ação, de estratégias seqüenciais dependentes do resultado da avaliação aula a aula, utilizado no curso “O que é Educação Ambiental?”.

 

III – Metodologia

 

O trabalho foi realizado na forma de um curso de curta duração (05 dias, 15 horas aula – 05, 19, 26/10 e 9, 16/11/1999), denominado “O que é Educação Ambiental?”, nas dependências da Casa da Cultura Salvador Ligabue, Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, nº 215 - Freguesia do Ó, São Paulo – SP., Brasil. O perfil de participantes foi de 85,2% de alunas do Curso de Magistério de uma Escola local, a E.E.P.S.G. Jácomo Stávale, e 14,8% de profissionais de outras áreas.

A fase inicial objetivou a identificação das representações dos participantes quanto aos conceitos de Ambiente (representação pictórica), Educação e Educação Ambiental, bem como de suas expectativas (Reigota, 1998). Após, o curso foi dividido em cinco módulos: 1) História do Homem na Terra, que visou o conhecimento e análise da trajetória humana na Terra e sua interação com o Ambiente nesta jornada; 2) Percepções de Ambiente, que procurou levar à reflexão e discussão de diferentes percepções culturais sobre o Ambiente; 3) Conceitos ecológicos fundamentais, que objetivou o entendimento de conceitos ecológicos que fundamentam teorias e ações em gestão ambiental; 4) Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, que incentivou a análise e discussão sobre o que é Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável; 5) Avaliação das Práticas existentes em Educação Ambiental, que procurou promover o conhecimento, análise e reflexão sobre as práticas existentes.

 

IV – Resultados e Comentários

 

Na elaboração e execução de todos os módulos, sempre esteve presente a preocupação em se usar estratégias didáticas que proporcionassem o estabelecimento de um clima amistoso de grupo, que priorizasse o diálogo, a reflexão e a discussão. Esperava-se que viesse, gradativamente, a estabelecer entre os participantes, o sentido e a importância do “trabalhar em conjunto”, do respeito às opiniões e idéias diversas, e da riqueza proporcionada na construção coletiva.

A cada módulo foi feita uma avaliação, tanto das estratégias e práticas utilizadas como do conteúdo trabalhado, a fim de se poder adequar o módulo seguinte, com a participação de todos os elementos envolvidos (Anexo I).

No módulo 1, foram utilizadas 5 pranchas com cenas sobre a caminhada do Homem na Terra. A partir da observação cuidadosa de cada uma delas, foi possível estabelecer tanto a organização cronológica entre as cenas, como os momentos importantes em que o Homem começa a interferir no Ambiente próximo, de forma diferente da dos outros animais, já iniciando o impacto sobre o ambiente (Rodrigues, 1989).

O módulo 2 tratou das diferentes percepções sobre o ambiente, baseadas em diversas cosmologias, utilizando-se 9 textos para leitura, análise e discussão, intitulados: A África, O Egito, Zaratustra, O Judaísmo, O Cristianismo, O Islã, O Hinduísmo, O Tao (retirados de Garaudy, 1981) e O que ocorrer com a Terra recairá sobre os filhos da Terra (apud Matsushima, 1987). Neste contexto, o objetivo principal foi o de identificar, em cada uma das cosmologias, a forma como o Homem entende e interage com o Ambiente, além de estimular o respeito e a importância das diferentes formas de pensar e agir.

O módulo 3 teve como objetivo preparar a discussão posterior sobre conceitos ecológicos fundamentais que embasam teorias e práticas em gestão ambiental, amplamente conhecidos, porém muitas vezes pouco entendidos. Para tal, realizou-se uma saída pelos arredores da Casa da Cultura, com coleta de material vegetal. Este material foi parcialmente identificado em classe, utilizando-se guias de identificação. Em seguida, foi prensado para posterior herborização (Anexo II).

No módulo 4, além da preparação das exsicatas, promoveu-se uma aula participativa, onde foram resgatados, analisados e discutidos os conceitos: ecossistema, biodiversidade, nicho ecológico, interações, populações, comunidade e equilíbrio ecológico. Para tanto, não foi utilizada a terminologia científica rigorosa, mas sim o sentido de cada conceito, com mediação para interligar os conceitos com a Educação Ambiental, o Desenvolvimento Sustentável e as teorias e práticas na Gestão Ambiental.

No módulo 5, foram vivenciadas práticas de sensibilização do ambiente próximo, utilizando-se da percepção dos órgãos do sentido, tato, audição e visão (Zeppone, 1999). Os temas abordados foram: as cores, as texturas e os sons no ambiente, a paisagem e a identificação de problemas ambientais. Após a execução das práticas, avaliou-se o seu resultado e solicitou-se que fossem adaptadas às séries do Ensino Fundamental. Além disso, outras práticas comumente usadas, constantes em publicações, foram trazidas como material de análise. Nesta aula foi apresentada toda a bibliografia utilizada ao longo do curso, para consulta, bem como uma lista de obras disponíveis sobre o assunto.

Como finalização do curso, foi solicitada a todas as equipes que rediscutissem e refizessem as representações pictóricas do Ambiente, sem visualizar os trabalhos anteriores. Quando terminadas, fez se uma exposição, para comparação com aquelas da primeira aula.

O resultado foi a constatação de uma sensível mudança das representações do Ambiente, entre a primeira e última aulas. As últimas mostraram a representação do Ambiente mais próxima e real, retratando as proximidades do local onde foi realizado o curso e com o ser humano fazendo parte deste Ambiente.

 

V - Comentários finais

 

A confecção da Coleção Botânica causou impacto nos participantes, no sentido de perceberem que a grande maioria das plantas coletadas no bairro, muito comumente encontradas, não era de origem brasileira, ou seja, não só a paisagem mudou na forma e estrutura, mas também houve grande alteração na sua composição florística.

Isto remeteu imediatamente, à importância do Estudo de Meio inicial, onde se procurou conhecer a trajetória histórica e organização espacial e social da comunidade local. Seu entendimento veio esclarecer as transformações ocorridas através do tempo, além de suscitar a reflexão sobre a expectativa futura e as mudanças de hábitos e atitudes necessárias para se atingir uma melhor condição de vida.

Posteriormente à realização do curso, no período de 03 a 16/04/2000, foi realizada uma exposição na Casa da Cultura, da Coleção Botânica confeccionada com a participação de todos envolvidos neste trabalho, composta por 79 exsicatas representando a composição florística dos arredores da Casa da Cultura Salvador Ligabue, na Freguesia do Ó, São Paulo-SP, que passou a fazer parte como referência, do acervo da mesma .

Sabemos que quando falamos em mudanças e transformações de hábitos e costumes, está intrínseca a ação educativa. Neste ponto, torna-se relevante o trabalho em Educação Ambiental na interação Homem/Ambiente. O presente trabalho preocupou-se em estabelecer linhas mestras que pudessem dirigir uma ação real e efetiva em Educação Ambiental. Para tanto, certos pontos tornam-se fundamentais para não se cair em análises e atitudes caóticas no trato da temática ambiental, ou pior, para não se fazer uso de práticas existentes como verdadeiros manuais de ação, por pura repetição. Estes pontos são basicamente: a reflexão da própria trajetória humana na Terra; a análise do efeito ação/conseqüência; o conhecimento das diferentes formas de se sentir e interagir com o Ambiente; o respeito pelas diferenças e a importância da diversidade de idéias e opiniões no planejamento e execução da ação educativa; a importância da reflexão e discussão na mediação do conhecimento; o conhecimento dos conceitos que embasam qualquer manejo ambiental e a responsabilidade do planejamento da ação educativa, no que se refere à atenção que deve ser dada ao estudo do meio onde se pretende agir; a abertura do diálogo, da reflexão, da discussão e da construção conjunta desta ação.

Analisando os resultados obtidos, quanto às mudanças nas representações sobre o conceito de Ambiente, a participação e envolvimento nas atividades propostas, as adaptações das práticas vivenciadas e as avaliações recebidas, podemos dizer que o desenvolvimento deste trabalho atingiu os objetivos iniciais.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

GARAUDY, R.  1981  Apelo aos Vivos  Trad. De ANDRADE, H. P.  Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira  440p.

MATSUSHIMA, K. (coord.)  1987  Educação Ambiental: Guia do professor de 1º e 2º graus.  Secretaria do Meio Ambiente e  Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. 292p.  Edição Piloto

REIGOTA. M.  1998  Meio Ambiente e Representação Social  São Paulo, Editora Cortez  87p.

RODRIGUES, S. de A.  1989  Destruição e Equilíbrio - o homem e o ambiente no espaço e no tempo.  São Paulo, Atual - Série Meio Ambiente  98p.  8ª ed.

ZEPPONE, R. M. O.  1999  Educação Ambiental: teoria e práticas escolares.  São Paulo, JM Editora  154p.

 

Agradecimento

Ao Prof. Dr Waldir Mantovani, do Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências, USP, por seu auxílio na confirmação da identificação das plantas e identificação de algumas.

 

ANEXO I

Estratégia de uma das aulas e uma Avaliação

 

Tempo

Estratégias

Material

 

1. colocação das cadeiras em círculo, antes da entrada dos alunos

 

 

2.entrega dos formulários sobre o Perfil do Participante, para ser preenchido e devolvido.

 

10’

3.rápida apresentação dos professores, dizendo quem são e porque estão neste curso; rápida apresentação do curso.

 

20’

4.Apresentação simples

Cada aluno se apresentará ao grupo (nome, o que faz e porque inscreveu-se no curso).

 

15’

5.os alunos formarão grupos de 5 pessoas para discutirem as suas representações sobre o Meio Ambiente; cada grupo apresentará um desenho com a sua representação de Meio Ambiente .

folhas de papel para desenho e canetas hidrográficas ou giz de cêra. (Obs.:utilização proposital de papéis de rascunho).

15’

7.os professores afixarão os desenhos, para que todos possam ser visualizados e um integrante de cada grupo, com o auxílio dos outros, explicará  seu desenho. (os desenhos serão guardados para futura comparação com outros no final do curso - anotar os integrantes destes grupos iniciais).

Fita crepe e/ou alfinetes

 

8.os professores promoverão neste momento, uma reflexão sobre as várias representações de Meio Ambiente apresentadas.

 

30’

9.     Painel Integrado

1º momento: os alunos se organizarão em 5 grupos; dentro de cada grupo, se organizarão em duplas de trabalho; cada grupo receberá um tipo diferente de Cena a ser estudada e analisada e finalmente redigida as conclusões a que chegaram.

.Folhas de rascunho (simples) e Cenas

15’

10.Intervalo para Café

 

40’

11.Painel Integrado

2º momento: os alunos se reorganizarão em novos grupos, cujos integrantes serão formados por uma dupla de cada Cena estudada no 1º momento; cada dupla apresentará ao novo grupo a Cena que lhes foi proposta e as conclusões que chegaram; o novo grupo organizará as Cenas em uma seqüência que seja visualizada a Caminhada do Homem na Terra, sua relação com o Meio Ambiente em cada fase e os impactos causados.

Folhas de rascunho (duplas)

25’

12.os professores afixarão as seqüências e cada grupo apresentará suas conclusões.

Socialização de idéias

Fita crepe e/ou alfinetes;

10’

13.comentários finais dos professores e entrega das Avaliações da Aula.

 

Tot. 3 horas

 

 

 

 

 

Avaliação entregue no final da Aula 1:

 

Curso: O que é Educação Ambiental ?

Aula 1 - 05/10/99

Módulo I

Temas: conhecimento mútuo, apresentação do curso; conceito de Meio Ambiente e História do Homem na Terra

 

Avaliação da Aula

 

1 - Relembrando as estratégias vivenciadas em sala, avalie a adequação e efetividade das mesmas em relação aos tópicos trabalhados.

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

2 - Ao final desta aula, você considera que os objetivos abaixo foram alcançados ou não ?

a) Foi estabelecido um clima agradável de diálogo e conhecimento mútuo ?                       

sim ( )       não(    )

b) Foi possível a construção de uma representação de Meio Ambiente que refletisse as opiniões do grupo ?

sim(    )       não(    )

c) Foi possível visualizar as diferentes fases do Homem na Terra e sua relação com o Meio Ambiente, bem como os impactos causados?

sim(    )       não(    )

3 - Por favor, comente algo.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________

Muito Obrigado

 

 

Resultado da Avaliação da Aula 1:

 

Questão 1:

·     80,9% - avaliaram como satisfatória, a adequação e efetividade das estratégias utilizadas;

·     19,1% - solicitaram estratégias mais dinâmicas e mais simples.

 

Questão 2:

a) - 95,3% - sim;  e  4,7% - não;

b) - 100% - sim;

c) - 100% - sim.

 

 

 

Anexo II

Exemplos da Relação das 42 exsicatas preparadas pelos grupos

 

 

1. Família:  Davalliaceae

 

1.1 - Nome científico: Nephrolepis multiflora

Nome popular: samambaia amarela

Local de coleta: Escadão, próximo à Rua Jesuíno de Brito, Freg. do Ó - São Paulo - SP.

Data de coleta: 26/10/99

Coletores:  Deolina B. Souza

Marli J. Moreira

Obs.: origem - Paleotrópicos.

 

 

Gymnospermae

 

1. Família: Cupressaceae

 

1.1 - Nome científico: Chamaecyparis sp.

Nome popular: cipreste

Local de coleta: Rua da Bica, nº 51 - Freguesia do Ó - São Paulo - SP.

Data de coleta: 26/10/99

Coletores:  Angela de Souza Romualdo

Carla Andréia da Silva

Doris Mariani

Gisele B. Magre

Lilian Silva Atanazio

Luciana S. Santos

Maria Luiza A. Bianchi

Obs.: Japão e EUA.

 

 

Angiospermae

 

 

1. Família: Amaranthaceae

1.1 - Nome científico: Alternanthera dentata

Nome popular: penicilina; periquito-gigante

Local de coleta: Rua José de Siqueira, nº 176 - Freguesia do Ó - São Paulo - SP.

Data de coleta: 26/10/99

Coletores: Debora Denise Ramos

Maria da Conceição Simas Martins

Renata Santos Susi

Rosangela Aparecida Leocata

Obs.: origem - Brasil.

 

 

1.3 - Nome científico: Amaranthus lividus

Nome popular: caruru; caruru-rasteiro.

Local de coleta: Av. Paula Ferreira, em frente ao nº 50 - Freguesia do Ó - São Paulo - SP.

Data de coleta: 26/10/99

Coletores:  Debora Denise Ramos

Maria da Conceição Simas Martins

Renata Santos Susi

Rosangela Aparecida Leocata

Obs.: origem - Argentina e Uruguai.

 

 

2.   Família: Anacardiaceae

 

2.1 - Nome científico: Mangifera indica

Nome popular: mangueira

Local de coleta:Praça da Matriz antiga da Freguesia do Ó - Sào Paulo - SP.

Data de coleta: 26/10/99

Coletores:  Angela de Souza Romualdo

Carla Andréia da Silva

Doris Mariani

Gisele B. Magre

Lilian Silva Atanazio

Luciana S. Santos

Maria Luiza A. Bianchi

Obs.: origem – Ásia

 

 

 

 

 

 

SANTOS, A. & OLIVEIRA, C. P.  2005  “Relação Áreas Verdes/Urbanização no município de São Paulo: Levantamento dos Principais Parques”, In: Anais do V Congresso Brasileiro de Pesquisas Ambientais e Saúde – CBPAS’2005 – CD-ROM, Santos, de 17 a 20/07/2005.

 

Relação Áreas Verdes/Urbanização no Município de São Paulo: Levantamento dos Principais Parques

Amélia dos Santos, Camila Pinho de Oliveira

 

 


Resumo − Em um ecossistema urbano os resultados da interação Homem/Cultura/Ecossistemas Naturais são evidentes na relação Quantidade de Áreas Verdes/Urbanização. Assim, este trabalho teve por objetivo analisar e demonstrar os diferentes tipos de áreas verdes, sua quantidade e qualidade na cidade de São Paulo.  Para sua confecção, foi realizadas revisão bibliográfica, com base em documentos eletrônicos, livros e notícias, além de visitação aos locais. Buscou-se identificar a trajetória histórica da relação Cobertura Florestal/Urbanização e verificar a quantidade e qualidade das áreas verdes existentes, com ênfase em parques. Pode-se verificar que na cidade de São Paulo, nas últimas décadas, é notória a redução significativa da vegetação, ligada, tanto à pequena abertura de novos parques, como à aceleração do processo de periferização, com constantes desmatamentos e invasões de áreas naturais.

 

Palavras-chave − parques, espaços verdes, lazer.

 

 

                                                                                                                                                                         I.      Introdução

 

O meio ambiente urbano não é o mesmo que o de uma área de vegetação natural. Em todos os ecossistemas naturais, há uma interação entre seus diversos elementos enquanto nas cidades, o homem e suas construções mudaram drasticamente o funcionamento desses elementos, rompendo o equilíbrio que antes havia. (adapto. RIBEIRO, 1996). Por isso, as cidades são chamadas de sistemas abertos, ou seja, não podem existir sem tocar matéria e energia com um ambiente mais amplo e não podem viver independentemente de outros ecossistemas e com isso, muitas entidades estão preocupando-se, atualmente, com a questão da gestão ambiental urbana, através de políticas de conservação de alguns locais específicos. [3]-[4]

No caso da vegetação presente nas cidades, BRANCO (1991) afirma que “Na verdade, as árvores são importantíssimas para a manutenção do equilíbrio climático. Primeiro, porque fazem sombra. […] A cor verde das folhas absorve uma enorme quantidade de radiações quentes produzida pelo sol. A clorofila desempenha, assim, uma função de filtro.”.As plantas também extraem continuamente água do solo para devolvê-las ao ar. Essa devolução é feita por transpiração através das folhas, que é um processo de evaporação. A existência de vegetação também altera o regime de ventos: torna-os brandos, mais frescos e menos carregados de poeira. [1] Apesar disso, “a serventia das áreas verdes nas cidades está intimamente relacionada com a quantidade, a qualidade e a distribuição das mesmas dentro da malha urbana.”[4]

Para desenvolver este trabalho, foram propostos os seguintes objetivos: analisar e demonstrar os diferentes tipos de áreas verdes, sua quantidade e qualidade na cidade de São Paulo, dando ênfase aos antigos e mais conhecidos parques do município de São Paulo.

A.       Metodologia

 

Para a confecção deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico com base em literatura da área, mídia impressa, além de documentos oriundos da mídia eletrônica - internet.

 

1) Material: Foram visitadas algumas áreas verdes no município, para efeito de observação e busca de informações a respeito de seu funcionamento, atividades oferecidas e organização geral, a saber:

·         Parque da Conceição (Parque Lina e Paulo Raia), localizado na Rua Volkswagem, s/nº, Parque Jabaquara;

·         Parque Estadual da Cantareira, localizado na Rua do Horto, nº 1799 - Tremembé (Núcleo Pedra Grande);

·         Parque da Água Branca (Nome oficial: Dr. Fernando Costa), instalado na Avenida Professor Francisco Matarazzo, nº 455 - Água Branca.

 

                                                                                                                                                                        II.      RESULTADOS

 

A.       A Cidade de São Paulo

 

Durante os seus 300 primeiros anos, a cidade de São Paulo manteve-se pequena, não havendo grande devastações de mata. A região onde nossa cidade insere-se apresentava originalmente vegetação de várzea, campos e florestas. Em meados do século XIX, com a expansão da cultura cafeeira, a maior parte da cobertura florestal foi devastada, desde a Serra da Cantareira até os limites da Serra do Mar (MANTOVANI, 2000 apud [5]). “No inicio do século XX, com a construção das Represas Guarapiranga e Billings, extensas regiões foram ocupadas pelos dois reservatórios. Além disso, com a queda da cultura cafeeira, muitas áreas foram posteriormente utilizadas para outras atividades agrícolas, incluindo a pecuária. Com esta queda, locais de difícil acesso, como a Serra da Cantareira e o entorno das nascentes, o abandono do cultivo propiciou o estabelecimento de vegetação natural secundária, que constitui hoje a maioria da cobertura florestal existente” [5] Na década de 40, São Paulo ganhou o perfil definitivo de metrópole industrial e, com isso, o processo de periferização também veio, seguindo seu ritmo frenético até hoje. A maioria das atuais 1855 favelas do município ocuparam as áreas livres públicas e em particular as destinadas à implantação de áreas verdes [5], incluindo os loteamentos clandestinos. Com isto, conforme aumenta a qualidade de vida e a população da cidade, diminui a quantidade de áreas verdes no município.

A cobertura vegetal hoje existente no município é constituída basicamente por “fragmentos da vegetação natural secundária, em porções mais preservadas no extremo sul, na Serra da Cantareira ao Norte e em manchas isoladas e por ambientes implantados em áreas urbanizadas, restringindo-se aos parques e praças municipais e a escassa arborização viária; e por conjuntos ou espécimes isolados em terrenos particulares.”[5]

Apesar de enfrentar problemas existentes nas grandes cidades, como o empobrecimento, causado principalmente pela saída de grandes industrias que acabam por afetar seu meio ambiente, o município possui uma grande importância ambiental, pois se encontra no centro da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, contribuindo para a melhoria do ambiente através de parcerias educacionais, empresariais e entre o município, o estado e a união.[2]

 

B.       Cobertura vegetal do município de São Paulo

 

A cobertura vegetal hoje existente no município é constituída basicamente por: fragmentos da vegetação natural secundária (floresta ombrófila densa, floresta ombrófila densa alto montana, floresta ombrófila densa sobre turfeira e campos naturais), que ainda resistem ao processo de expansão urbana, em porções mais preservadas no extremo sul, na Serra da Cantareira ao Norte e em manchas isoladas, por ambientes implantados, em áreas urbanizadas, restringindo-se aos parques e praças municipais e a escassa arborização viária; e por conjuntos ou espécimes isolados em terrenos particulares.[5] A Prefeitura de São Paulo é responsável por 31 parques, sendo que um fica em Cotia, na Grande São Paulo. Os 30 parques municipais localizados na capital ocupam 14,5 km2. Isso significa que eles compreendem 0,0058% da área total da cidade, que é de 248.176,7 km2. concentrados na periferia da cidade. [10]

 

C.      Tipos de áreas verdes do município de São Paulo

 

As áreas verdes urbanas proporcionam melhorias no ambiente excessivamente impactado das cidades e benefícios para os habitantes das mesmas. No entanto, a serventia das áreas verdes nas cidades está intimamente relacionada com a quantidade, a qualidade e a distribuição das mesmas dentro da malha urbana [4]. Segundo o Plano Diretor em vigor, em seu artigo 34, o Sistema de Áreas Verdes é constituído pelo conjunto de áreas de propriedade pública ou particular, delimitadas pela Prefeitura, com o objetivo de implantar ou preservar arborização e ajardinamento. No artigo 37, a classificação das áreas verdes é assim demonstrada: [5]

I - De propriedade pública:

a) área para recreação (AV-1);

b) parques de vizinhança (AV-2);

c) praças (AV-3);

d) campos ou centros desportivos municipais (AV-4);

e) centros educacionais esportivos (AV-5);

f) parques distritais (AV-6);

g) reservas naturais (AV-7);

II - De propriedade particular:

a) clubes esportivos sociais (AV-8);

b) clubes de campo (AV-9);

c) áreas arborizadas (AV-10).

De acordo com o nível de interesse de preservação e proteção, poderão ser definidas categorias de Proteção Integral (públicas), de Uso Sustentável (públicas ou privadas) e de Especial Interesse (públicas ou privadas). [5]

Neste trabalho, serão classificadas e exemplificadas as áreas de acordo com o Livro: “Vegetação Significativa do Município de São Paulo”, 1988.

 

1)      Praças e espaços Urbanos

Em São Paulo, as praças e espaços urbanos são utilizados pelas populações residentes próximas a ela. Transformam-se numa alternativa de lazer que dá à maior metrópole do país um ar de interior. Bem cuidadas, muitas das praças de áreas nobres da cidade são os resultados de convênios de manutenção entre a prefeitura e entidades de bairro, escolas ou empresas [13], Em São Paulo, no ano de 1995, uma pesquisa demonstrou que existem cerca de 2785[9] praças, resultando um total de 6.875.000m2[9] de praças e espaços urbanos.

Porém, acaba suprindo mesmo uma carência de áreas verdes de lazer, como ocorre na zona leste da cidade, que tem o menor índice per capita de árvores da cidade. Praças como a José Giudice (Tatuapé) contribuem para amenizar a temperatura da região, alta pela concentração de concreto e asfalto. Outras, como exemplo a Dr. Sampaio Vidal (Vila Formosa, zona leste, torna-se um dos principais locais de diversão, com pistas de skate, brinquedos, mesas para jogos de tabuleiro e campos de futebol.[3] –[13]

 

2)      Áreas institucionais e de interesse público

Salientar a função de um estabelecimento, realçar sua arquitetônica, ambientá-la numa determinada situação urbana, acontece algumas raras vezes em São Paulo, com a criação de áreas circundantes mais amplas, de arborização mais farta e estudada, de paisagismo mais elaborado.[3]

A intensa utilização pública de alguns jardins de edifícios institucionais, criados em diferentes épocas e com diferentes intuitos, acabou por consagrá-los como parques.[3]

Aqui citaremos algumas das áreas assim classificadas: Invernada da polícia Militar, Hospital Parque do Mandaqui, Pronto-Socorro e Secretaria da Saúde, Hospital São Luiz Gonzaga (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo), Instituto Salesiano Pio XI, Cidade Universitária, Mosteiro da Luz (Museu de Arte Sacra), Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, entre outros. [3]

 

3)      Bairros-jardim

Os bairros-jardim tornaram-se marcantes na capital paulista, sendo seu conjunto característico de uma certa época, de sua forma de viver ou de suas aspirações a um novo estilo de morar. Esses bairros ocupam uma superfície significativa e se distribuem especialmente pelas regiões sul e oeste. Estas compõem extensões consideráveis de casario baixo em meio à farta vegetação. [3] Estes respondem á busca de uma nova moldura para um determinado viver contemporâneo e muito distante dos propósitos e dos resultados observados nos setores residenciais verticalizados ou nos modestos e prepotentes bairros periféricos. [2]-[3] Abaixo, segue alguns exemplos de bairros:

Horto Florestal, Vila Marieta e Vila Albertina, Tremembé (Jardim Floresta), Alto da Lapa, Morumbi, Jardim dos Estados e Brooklin Paulista, Chácara Flora entre outros.

 

4)      Bairros e vias arborizadas

A arborização urbana, uma das qualidades ambientais paulistanas, não conseguiu acompanhar o crescimento da cidade, pois diante das múltiplas necessidades municipais, o plantio de arvores na via publica é limitada ou não se dá.

“De outra parte, onde existe arborização, vários fatores tendem a comprometê-la ou a descaracterizá-la: a fiação aérea implica uma escolha mais restrita de espécies ou a amputação de arvores já bem formadas; as intervenções urbanísticas constantes vêm atingindo de maneira sensível principalmente às vias de maior circulação”. [3]

Tipuanas, Sibipirunas, Paineiras, Ipês, Paus-ferro, Jacarandás-mimosos, Quaresmeiras, Manacás-da-serra, Cássias, entre outras, são algumas das espécies encontradas com maior freqüência nas ruas de São Paulo. A ocorrência e adensamento de determinadas espécies, segundo a publicação se explica pelas particularidades culturais dos habitantes, por seus usos e costumes[2]-[3].

Nos últimos quatro anos, a Prefeitura de São Paulo conseguiu reaver grande parte de suas vias arborizadas. Junto com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) plantou árvores e espécies de arbustos nas grandes e medias vias nos canteiros centrais e nas calçadas. Incentivou também os moradores a plantarem arvores em suas calçadas, com o objetivo de melhorar a qualidade da cidade de São Paulo [3].

Logo abaixo serão citados alguns bairros e vias arborizadas:

Parque Continental, Higienópolis, Cerqueira César, Brooklin Novo, Campo belo, Avenida Pompéia, Avenida Sumaré e Paulo VI, Avenida 23 de Maio, Avenidas República do Líbano e Indianópolis, Avenida Nazareth entre outras.

 

5)      Chácaras remanescentes

A expansão urbana da cidade nos últimos anos se deu às custas da ocupação de áreas de uso rural. Um ou outro sitio ainda permanece, envolvido pela urbanização: geralmente ocupações de solo muito deterioradas, às vezes com verticalização incipiente [3]. Esses locais podem ser encontrados de dois modos: como pequenos sítios de subsistência, ou como sítios de recreio [3]. Logo abaixo seguem alguns exemplos de Chácaras remanescentes:

Chácara Pirajussara, Chácara São Pedro, Algumas Chácaras remanescentes, junto á represa de Guarapiranga e Billings.

 

6)      Parques e reservas

O processo de expansão urbana foi particularmente perverso com os espaços públicos da cidade, em especial com os destinados à implantação de parques. Até 1860, a cidade contava com apenas um parque, o Jardim da Luz [3]-[5]. No período de 1890 a 1920 este número atinge 4 parques - Parque Villon (atual Siqueira Campos), Jardim da Aclimação, Praça Buenos Aires e o já implantado Jardim da Luz. Entre 1950 a 1980 são criados mais 11 parques, entre eles o Ibirapuera, do Carmo e Anhanguera [5]-[3]. Nos últimos 20 anos tem-se a criação de mais 15 parques, totalizando os atuais 30 parques no município e o CEMUCAM, em Cotia. Cabe ressaltar a fase de implantação do Parque do Rodeio, em Guaianases, próximo ao COHAB Cidade Tiradentes e a proposta de criação de mais 30 parques até 2010 [5].

Abaixo, seguem as principais informações á respeitos dos parque do município de São Paulo, pesquisados para este trabalho.

 

Outros Parques

Parque CEMUCAM (Centro Municipal de Campismo) Rua Mesopotâmia, s/n – Granja Viana (Km 24,5 da Rodovia Raposo Tavares) – Cotia. Tamanho: 500.000m2. Media de visitas: 100 visitantes na semana, fins de semana e feriados, 3.300. Funcionamento: diário, das 7h ás 18:00 h [8].

 

Parques do Centro

Parque Buenos AiresAvenida Angélica, s/n (altura do nº 1.500) – Higienópolis. Tamanho: 22.200m2. Média de visitas: 1500 por dia. Funcionamento: diário, das 6 ás 19hs [8].

Parque da LuzRua Ribeiro de Lima, nº 99 - Bom Retiro. Tamanho: 81.758 m2. Média de visitas: 4.000 nos fins de semana. Funcionamento: de 3ª a domingo das 10h às 18h [8].

Parque Siqueira Campos (Trianon) - Rua Peixoto Gomide, nº 949 - Cerqueira César. Tamanho: 48.000m2.Funcionamento: diário, das 6h às 17h30 [8].

 

Parques da Zona Leste

Parque Chico Mendes – Rua Cembira, 1201, Vila Curuçá – São Miguel Paulista.  Tamanho: 61.600 m2. Média de visitas: 2.200 nos fins de semana. Funcionamento: diário, das 8h às 18h [8].

Parque do CarmoAvenida Afonso de Sampaio e Souza, nº 951 – Itaquera. Tamanho: 1.585.000m2, porém, é inserido na APA (Área de Proteção Ambiental) do Carmo, que possui 6.000.000m2. Funcionamento: diário das 6h às 18h [8].

Parque do PiqueriRua Tuiuti, nº 515 – Tatuapé. Tamanho: 97.272 m2. Média de visitantes: 700 de 2ª a 6ª, nos fins de semana e feriados: 4.400. Funcionamento: diário, das 7h ás 18h [7].

Parque Raul Seixas – Rua Murmúrios da Tarde, 211 – COHAB.  Tamanho: 33.000m2. Média de visitantes: 2.200 nos fins de semana. Funcionamento: das 7h às 19h todos os dias [7].

Parque Santa AméliaRua Timóteo Correia de Góes, 30, São Miguel. Tamanho: 26.990m2. Média de visitantes: 2.500 visitantes semanalmente. Funcionamento: diário, das 7h às 18h. [8].

Parque Severo Gomes (Granja Julieta)Rua Pires de Oliveira, 356, Chácara Sto. Antonio / Sto. Amaro. Tamanho: 34.916 m2. Média de visitantes: 270 semana. Funcionamento: diário, das 7h às 18h [7].

SESC ItaqueraAvenida Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, nº 1000 – Itaquera. Tamanho: 3.200m2. Funcionamento: de 4ª a domingo e feriados das 9h às 17h. Sua entrada é paga [8]-[11].

 

Parques da Zona Norte

Lions Club TucuruviRua Padre Leopoldo Brentano, 09, Tucuruvi. Tamanho: 23.700m2. Media de visitantes: 2.500 por semana. Funcionamento: diário, das 7h às 18h [8].

Parque Alberto Löefgren (Horto Florestal) Próximo ao Parque Estadual da Cantareira, o horto está situado na Rua do

Horto, nº 931 – Tremembé. Tamanho: 174.000 m2. Funcionamento: diário, das 6h às 17h [8].

Parque AnhangueraAvenida Fortunata Tadiello Natucci, nº 1000, km 24,5 da Via Anhangüera – Perus. Tamanho: 9.500.000m². Média de visitas: 4.400 por fim de semana. Funcionamento: diário, das 6:00h às 18:00h [8].

Parque Estadual da CantareiraRua do Horto, nº 1799 - Tremembé (Núcleo Pedra Grande), Avenida Coronel Sezefredo Fagundes, altura do n° 19100 - Cachoeira (Núcleo Engordador) e Avenida José Ermírio de Moraes, nº 96 - Mairiporã (Núcleo Águas Claras) e o núcleo mais novo, o Núcleo Cabuçu, Estrada do Cabuçu n.º 2.691. Tamanho: 7.900.000m2. Funcionamento: aos sábados, domingos e feriados das 8h30 às 17h. De terça a sexta-feira o parque é aberto apenas para a visita de escolas. A entrada é paga [12].

Parque Jardim Felicidaderua Laudelino Vieira de Campos, 265, Jardim Felicidade – Pirituba. Tamanho: 28.800m2. Media de visitantes: 1000 por semana. Funcionamento: diário, das 7h às 18h [8].

Parque Rodrigo De Gasperi (Pirituba)­ - Avenida Miguel de Castro, 321, Vila Zati. Tamanho: 39.540m2. Média de visitantes: 800, semanalmente. Funcionamento: diário, 6h às 18h [7].

Parque São DomingosRua Pedro Sernagiotti, 125, Parque São Domingos / Pirituba. Tamanho: 79.230m2. Média de visitantes: cerca de 2060, em sua maioria aos fins de semana e feriados. Funcionamento: diariamente, das 6h às 18h [8].

Parque Vila GuilhermeRua São Quirino, 905, Vila Guilherme. Tamanho: 62.000 m2. Média de visitantes: 2060, semanalmente. Funciona diariamente, das 7h às 18h [7].

 

Parques da Zona Oeste

Parque Cidade de Toronto­Avenida Cardeal Mota, nº 84 - City América – Pirituba. Tamanho: 103.00 m2. Média de visitantes: 6600, nos finais de semana. Funcionamento: das 6h às 18h, diariamente [8].

Parque Dr. Fernando Costa (Água Branca)Avenida Professor Francisco Matarazzo, nº 455 – Água Branca. Tamanho: 135.229,91m2. Funcionamento diário, das 6h30 às 17h30 [8].

Parque dos EucaliptosRua Ministro Guimarães 280, Super-Quadra – Morumbi. Tamanho: 15.447,57m2. Funciona diariamente, das 8h às 17h [7]-[8].

Parque Ecológico do Tietê – Avenida Marginal Direita do Tietê, s/nº - Alphaville - Barueri (SP). Tamanho: 14.000.000 m2. Média de visitantes: 4.000, semanalmente. Funcionamento: de 2ª à 6ª, das 8h às 17h e aos sábados, domingos e feriados das 9h às 17h [8].

Parque Estadual do Pico do Jaraguá - Estrada Turística do Jaraguá, n° 651 (acesso pelo km 18 da Via Anhangüera).  Tamanho: 4.926.800 m2. Funcionamento é diário, das 8h às 17h [8].

Parque Luiz Carlos PrestesRua João Della Manna, 665, Rolinópolis – Butantã. Tamanho: 27.108m2. Média de visitantes: 760, semanalmente. Funciona diariamente, das 7h às 18h [7]-[8].

Parque Previdência – Rua Pedro Peccinini, nº 88 - Jardim Alencar. Tamanho; 91.500m2. Média de visitantes: 1000 nos fins de semana. Funcionamento: diário, das 7h às 18h [8].

Parque Vila dos Remédios – Rua Carlos Alberto Vanzolini, 443, Vila Jaguará. Tamanho: 109.810 m2. Média de visitantes: 2000 por semana. Funcionamento: diário, das 7h às 18h [8].

Parque Villa-LobosAvenida Professor Fonseca Rodrigues, s/nº - Alto de Pinheiros. Média de visitantes: 20.000 nos fins de semana. Funcionamento: diário, das 7h às 18h [8].

 

Parques da Zona Sul

Fundação Maria Luísa e Oscar AmericanoAvenida Morumbi, 3700, Morumbi. Tamanho: 75.000 m2.  Funcionamento: de 3ª à 6ª, das 11h00 às 17h00 e aos sábados e Domingos, das 10h00 às 17h00. A entrada é paga [8].

Parque Alfredo Volpi ou Parque do MorumbiRua Engenheiro Oscar Americano, nº 480 - Cidade Jardim. Tamanho: 142.432m2. Funciona diariamente, das 6h às 19h [7]-[8].

Parque Burle Marx - Avenida Dona Helena Pereira de Morais, nº 200 – Campo Limpo. Tamanho: 138.000 m2. Funciona diariamente, das 7h ás 19h [8].

Parque da AclimaçãoRua Muniz de Souza, nº 1119 – Aclimação. Tamanho: 118.000m2. Média de visitantes: aos finais de semana, cerca de 6.000. Funcionamento: diário, das 5h ás 20h [8].

Parque Lina e Paulo Raia (Parque da Conceição) – Rua Volkswagem, s/nº, Parque Jabaquara. Tamanho: 16.526m2. Média de visitantes: 240 nos fins de semana. Funciona diariamente das 7h00 às 18h00 [7]-[8].

Parque da Independência - Avenida Nazareth, s/n – Ipiranga. Tamanho: 184.800 m2. Média de visitantes: 5.400, semanalmente. Funcionamento: diário, das 5h às 20h [8].

Parque do Ibirapuera – Avenida Pedro Álvares Cabral s/nº - Ibirapuera. Tamanho: 1.585.000 m2. Média de visitantes: 20.000 nos fins de semana. Funcionamento diário, das 6h às 20h [8].

Parque Ecológico Guarapiranga – Rua Muniz de Souza, nº 1119 – Aclimação. Tamanho: 2.638.000 m2. Funcionamento: diário, das 5h ás 20h [8].

Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – Avenida Miguel Stéfano, nº 3687 Água Funda. Tamanho: 5.430.000m2, onde abriga diversos órgãos governamentais, destacando-se o Instituto de Botânica, Jardim Zoológico. A entrada destes órgão é paga, e seus horários de funcionamentos são variados [7]-[10].

Parque Nabuco – Rua Frederico Albuquerque, 120 Cidade Ademar. Tamanho: Possui 31.300 m2. Média de visitas: 2.600 por semana. Funcionamento: diário, das 6h às 18h [8].

Parque Raposo Tavares – Rua Telmo Coelho Filho, nº 200 – Butantã. Tamanho: 190.000m2. Funcionamento: diário, aberto 24h, com o funcionamento dos brinquedos das 7h às 18h [8].

Parque Santo Dias – Estrada de Itapecerica, km 23, Capão Redondo. Tamanho: 134.000 m2. Média de visitantes: 2010 pessoas por semana. Funcionamento: diário, das 8:00 ás 18:00h. [7]-[8].

SESC Interlagos – Avenida Manoel Alves Soares, nº 1100 – Interlagos. Tamanho: 500.000 m². Funcionamento de quarta a domingo e feriados das 9h às 17h e sua entrada é paga [7].

 

           III.      CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com base nos dados levantados por este trabalho, foi verificado que o município de São Paulo, hoje com uma população de 10.434.252 e densidade demográfica de 6.915 hab/km2 (IBGE, Censos Demográficos, 2004.), demonstra crescimento demográfico, porém, o seu crescimento estrutural não ocorre do mesmo modo.

Conforme disse Ribeiro (1996), “A necessidade da interação com o meio ambiente natural, demonstra a necessidade de áreas verdes em todas as cidades no planeta.As áreas verdes nas cidades possuem consideráveis funções, como a diminuição da poluição sonora, quebra de ventos, atenção da poluição visual, aumento da umidade do ar, sombra, etc. Assim, demonstra-se há necessidade de sua existência, principalmente nas grandes cidades. Infelizmente, a cidade de São Paulo não possui áreas verdes o suficiente para sua população e os locais propícios para novas construções estão ficando escassos. Os parques representam hoje, apenas 1% da área total da cidade, contabilizando menos de quatro metros quadrados de área verde por habitante. O índice recomendado pela ONU (Organização das Nações Unidas) é três vezes maior [6].

Apesar disso, estas áreas são amplamente utilizadas, chegando a receber em cada parque, uma média de 1000 visitantes por final de semana, além de auxiliarem em termos ambientais.

Portanto, de forma geral, podemos concluir que:

·    Os 40 parques municipais, estaduais e fundações são as oportunidades de lazer das populações próximas a eles nos fins de semana;

·    Desde 2002, a prefeitura do município de São Paulo voltou a cuidar das áreas verdes através das reformas de parques, praças, canteiros, além da construção e ampliação de praças e parques, mas que, apesar de todos estes escorços, a quantidade de áreas verdes por habitante ainda é baixa;

·    A grande maioria dos parques e áreas verdes do município estão inseridas na Zona Sul, localizadas próximas aos bairros nobres em detrimento das áreas de periferia, normalmente de grande adensamento populacional. Nesse sentido, é importante ressaltar a necessidade de implantação de um novo sistema técnico-administrativo de operacionalização da ampliação e distribuição de áreas verdes na cidade, a fim de que ao lado da classificação por prioridades e manutenção das áreas já existentes.

 

 

  

 

           IV.      REFERÊNCIAS

 

[1]     BRANCO, S. M. Ecologia da cidade. 17. Ed. São Paulo: Editora moderna, 1991, 56pp. (Coleção desafios).

[2]     RIBEIRO, H. O. Meio Ambiente e a Cidade de São Paulo. São Paulo: Makon Books, 1996, 80 pp.

[3]     VEGETAÇÃO significativa do município de São Paulo. São Paulo: [s.n.], 1988,560pp.

[4]     ADGS – Associação Global de Desenvolvimento Sustentável: ÁREAS VERDES URBANAS - CONCEITOS E DEFINIÇÕES. s/data. Disponível em: https://www.agds.org.br/downloads/urbanas.html. Acesso em 24 set. 2004.

[5]     Atlas Ambiental do Município de São Paulo. S/data. Acesso em: https://atlasambiental.prefeitura.sp.gov.br. Acesso em: 02 mai. 2004.

[6]     Os Parques da Cidade. 2004. Disponível em: www.abril.com.br/especial450/materias/ibirapuera/parques.html. Acesso em: 1 abr. 2004.

[7]     Portal do Seu bairro – Lazer/parques. 2000. Disponível em:https://www.portaldoseubairro.com.br/www/publicos_bairros.asp?cat=9&sub=47 Acesso em: 16 abr. 2004.

[8]     Portal Oficial da Prefeitura do Município de São Paulo – Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. S/data. Disponível em: https://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/meio_ambiente/parques. Acesso em: 01 abr. 2004.

[9]     S. autor. Áreas verdes por tipo, 1995. Disponível em: https://ww1.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/organogramas/index.php?p=355&more=1&c=1&tb=1&pb=1. Acesso em 10 abr 2004.

[10]  S. autor. Centro para camping é pouco usado para acampar. s/data. Disponível em: https://www.ambientesp.com.br/materia.asp?Materia_ID=28. Acesso em 15 ago. 2004.

[11]  S. autor. Roteiro cultural - São Paulo – infantil. O Estado de São Paulo. São Paulo. s/data. Arte e Lazer. Disponível em:https://www.estadao.com.br/cgiptl/divirtase/roteiros/infantil.pl?site=sp . Acesso em: 16 abr. 2004

[12]  Secretaria do verde e do meio ambiente – Trilhas e Museus. Jul 2000. Disponível em: https://www.prodam.sp.gov.br/svma/educacao_amb/edu_ambiental/trilhas/trilhas.htm. Acesso em: 02 abr. 2004.

[13]  VIVEIROS, M. Praças de bairro são "lazer de interior" em SP. Folha de São Paulo, São Paulo. 8 ago. 2004. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u3689.shtml.  Acesso em 12 set 2004.

 

 

 

 

SANTOS, A.; VARGAS, A. P.; LOPES, D. O.; SANTANA, G. M. M.; PETRINI, M. S. 2005    “Cólera no Nordeste: Tratamento e Prevenção”, In: Anais do V Congresso Brasileiro de Pesquisas Ambientais e Saúde – CBPAS’2005 – CD-ROM, Santos, de 17 a 20/07/2005.

 

 

Cólera no Nordeste: Tratamento e Prevenção

 

Amélia dos Santos; Adriana P. Vargas; Debora O. Lopes; Gisele M. M. Santana; Mais M. S. Petrini

 

 

 


Resumo ¾ A cólera chegou ao Brasil em 1991 pela Amazônia, e se alastrou principalmente no Nordeste, causando epidemias em locais sem saneamento, particularmente, sem água tratada. O Ministério da Saúde indica o registro de 168.598 casos notificados entre 1991 e 2001. Este estudo pretendeu investigar a profilaxia e formas de tratamento já existentes, na intenção de construir abordagens pedagógicas que auxiliassem o trabalho de prevenção. Para tanto, foi realizado levantamento bibliográfico da área epidemiológica específica e em educação em saúde. Em razão de se verificar que em regiões onde são utilizadas medidas de prevenção, se têm observado uma queda no número de casos de cólera, torna-se importante  abordagem específica junto à população. Assim, como resultado, é sugerido um rol de abordagens construídas sob a luz de conhecimentos biológicos, ecológicos e de educação, de cunho preventivo e dirigido a agentes de saúde regionais.

 

Palavras-chave ¾ Cólera, Saúde Pública, Nordeste.

 

I. introdução

 

A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pelo Vibrio cholerae, que é uma bactéria capaz de produzir uma enterotoxina que causa diarréia.  Apenas dois sorogrupos (existem cerca de 190) dessa bactéria são produtores da enterotoxina, o V. cholerae O1 (biotipos "clássico" e "El Tor") e o V. cholerae O139. O V. cholerae penetra no organismo humano por ingestão de água ou de alimentos contaminados (transmissão fecal-oral).(1) Se conseguir vencer a acidez do estômago, alcança o intestino delgado onde o meio é alcalino, multiplica-se intensamente, principalmente em duodeno e jejuno, e produz a enterotoxina que pode causar diarréia. Uma pessoa infectada elimina o V. cholerae nas fezes por, em média, 7 a 14 dias. A água e os alimentos podem ser contaminados, principalmente, por  fezes de pessoas infectadas, com ou sem sintomas. A propagação direta de uma pessoa para outra é pouco importante, uma vez que é necessária uma grande quantidade de bactérias para produzir infecção (acima de 1000/ml em alimentos e de 100000/ml na água). Em alimentos, a bactéria pode sobreviver por até cinco dias na temperatura ambiente (15 a 40 °C), ou por até dez dias entre 5 e 10 °C. É resistente ao congelamento, embora a sua multiplicação fique mais lenta.

São fatores essenciais para a disseminação da doença condições deficientes de saneamento, particularmente a falta de água tratada. A taxa de ataque da cólera, mesmo em grandes epidemias, raramente excede a 2% da população. A cólera ocasionou seis pandemias entre 1817 e 1923. A atual, a sétima, começou na Indonésia em 1961, causada pelo biótipo El Tor. Disseminou-se por outros países na Ásia, Oriente Médio, África (70% dos casos notificados no mundo) e Europa, chegando à América do Sul em 1991, através de cidades litorâneas do Peru. Em 1992, surgiu na Índia um novo sorogrupo produtor de enterotoxina, o V. cholerae O139, que rapidamente atingiu o Paquistão, Bangladesh e China. No Brasil, a introdução da cólera (causada pelo El Tor) ocorreu através da  Região Amazônica, no Alto Solimões e, atualmente, são registrados casos em todas as Regiões do país. A cólera é endêmica em vários países e episodicamente ocorrem surtos onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. A cólera pode ocorrer em uma cidade que tenha água tratada e esgotos, porém em geral afeta principalmente os habitantes de comunidades carentes, onde o saneamento básico é inadequado. O risco de aquisição da cólera para quem fica em bairros com saneamento básico adequado é relativamente menor e, basicamente, está mais relacionado aos alimentos, uma vez que podem estar contaminados na origem e o seu preparo exige higiene adequada. Quando a localidade inteira não possui infra-estrutura adequada, além dos alimentos, existe a possibilidade de contaminação da água para consumo, que deve ser tratada pelo próprio viajante. A permanência a longo prazo (residência) em uma área sem saneamento básico, com água não tratada, proveniente diretamente de poços ou fontes como rios ou lagos é uma situação de risco permanente. Os alimentos mais seguros são os preparados na hora, por fervura, e servidos ainda quentes. Os de maior risco são os mal cozidos ou crus. Os legumes são facilmente contaminados e difíceis de serem lavados adequadamente. Em crianças de até seis meses, que se alimentam exclusivamente de leite materno, o risco é pequeno, observados os cuidados de higiene durante a amamentação. A seleção de alimentos seguros é crucial. Em geral, a aparência, o cheiro e o sabor dos alimentos não ficam alterados pela contaminação com o Vibrio cholerae (e outros agentes infecciosos). A alimentação na rua com vendedores ambulantes constitui um risco elevado. Os alimentos devem ser bem cozidos e servidos logo após a preparação, para evitar nova contaminação com a bactéria. Os alimentos preparados com antecedência devem ser novamente aquecidos, imediatamente antes do consumo e servidos ainda quentes ("saindo fumaça"). Os filtros portáteis disponíveis não são capazes de reter o Vibrio cholerae.  Não deve ser utilizado gelo em bebidas, a não ser que tenha sido preparado com água tratada (clorada ou fervida). O tratamento da água a ser utilizada como bebida ou no preparo de alimentos pode ser feita com hipoclorito de sódio a 2 - 2,5% (água sanitária) ou cloro em comprimidos. Deve-se ter cuidado na aquisição de preparações contendo cloro. A Organização Mundial da Saúde recomenda o tratamento com 6 mg de cloro para cada litro de água. O cloro (hipoclorito de sódio ou comprimidos) deve ser adicionado à água no mínimo 30 minutos antes da sua utilização como bebida ou para o preparo de alimentos. Em recipientes fechados, a água tratada com cloro pode ser utilizada até por 24 horas. A fervura da água antes do consumo, durante pelo menos um minuto, é uma alternativa segura ao tratamento com cloro e deve ser a preferida quando a água estiver turva. Para desinfecção de frutas e verduras deve ser utilizado 2 ml (40 gotas) de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, ou comprimidos de cloro na concentração indicada pelo fabricante. As frutas e verduras devem ser mantidas imersas por 30 minutos na água clorada. Em seguida devem ser lavados com água tratada com a concentração de cloro adequada à sua utilização como bebida. (1)

 

A - Recomendações para áreas com risco de transmissão

 

O Vibrio cholerae é comumente encontrado como parte da microbiota em ambientes aquáticos, em água salobra e estuários, razão pela qual os frutos do mar podem ser fonte importante de infecção. Em locais onde existe saneamento básico adequado, a ocorrência de casos é apenas episódica. A cólera dissemina-se por água e alimentos contaminados. Um aumento súbito do número de casos é, em geral, causado por contaminação da água com fezes. A forma mais efetiva de impedir a instalação da cólera em uma localidade é a existência de infra-estrutura de saneamento básico adequada. Devem ser implementadas melhorias do sistema de armazenamento e distribuição de água tratada e a construção de redes de esgoto. A população deve, continuamente. receber informações sobre a forma de transmissão da doença e como preveni-la e ter acesso fácil a serviços de diagnóstico e tratamento. Há pessoas que vão estabelecer residência em uma área onde ocorre transmissão de cólera e não existe saneamento básico, é recomendado que, quando não exista saneamento básico adequado que: em caso de utilização de água de poços ou coletada diretamente de rios ou lagoas, estabelecer (com supervisão técnica especializada) uma infra-estrutura domiciliar mínima que permita o tratamento (cloração) da água utilizada para consumo e preparo de alimentos; observem rigorosamente os cuidados de preparação higiênica de alimentos, incluindo o tratamento com água clorada, em concentração adequada à desinfecção.

 

B - Manifestações

 

Após um período de incubação de algumas horas a 5 dias, a maioria dos casos de cólera, apresenta-se como uma diarréia leve ou moderada, indistinguível das diarréias comuns. Podem ocorrer vômitos, porém dor abdominal e febre são incomuns. Em algumas pessoas (menos de 10%), a cólera pode evoluir de forma mais grave, com início súbito de uma diarréia aquosa profusa, geralmente sem muco, pus ou sangue e, com freqüência, acompanhada de vômitos. Poder ocorre perda rápida de líquidos (até 1 a 2 litros por hora) e eletrólitos, levando a desidratação acentuada. Em razão disso, há sede intensa, perda de peso, prostração, diminuição do turgor da pele e os olhos ficam encovados. Há desequilíbrio hidroeletrolítico, o que pode ocasionar cãibras musculares e, em crianças, a hipoglicemia pode levar a convulsões e redução do nível de consciência. Sem tratamento adequado ocorre diminuição da pressão sangüínea, funcionamento inadequado dos rins, diminuição do volume urinário até a anúria total, com a e evolução para a morte em três a quatro horas. Raramente, pode haver concomitância de febre alta (cólera "tifóide") e a perda de líquidos pode não ser evidente (cólera "seca"), uma vez que a desidratação pode se dar por retenção de líquidos no intestino. O óbito pode acontecer em até 50% das formas graves não tratadas, número que cai para menos de 2% com hidratação adequada.

A confirmação do diagnóstico de cólera é feita através de isolamento do V. cholerae em cultivo, feito geralmente a partir das fezes. A confirmação não tem importância para o tratamento da pessoa doente, mas é fundamental para a adoção de medidas que reduzam o risco de ocorrência de uma epidemia. É também importante, por motivos semelhantes, se a pessoa doente é proveniente de uma área onde não era antes registrada a ocorrência da doença. Além disso, o isolamento de amostras da bactéria torna possível o conhecimento da sua susceptibilidade aos antimicrobianos. O envio do material para confirmação do diagnóstico deverá ser feito através das Unidades de Atendimento.

 

C - Tratamento

 

O tratamento da cólera consiste basicamente em reidratação. A desidratação pode ser danosa em qualquer idade, mas é particularmente perigosa em crianças pequenas e idosos. Nos casos leves e moderados, o médico pode recomendar que o tratamento seja feito em casa, com a solução de reidratação oral. Os viajantes devem evitar a desidratação decorrente da diarréia (de qualquer causa) ingerindo bastante líquidos, preferentemente uma solução reidratatante contendo eletrólitos (sais) e glicose, em concentrações adequadas. É recomenda ao viajante que se dirige a uma área de transmissão de cólera, levar envelopes de sais para preparo de solução de reidratação oral, na proporção de oito para cada pessoa. Existem diversas fórmulas contendo esses sais, facilmente encontradas em farmácias, mas as que contém a composição recomendada pela OMS devem ser preferidas:

 

SAIS PARA REIDRATAÇÃO ORAL: COMPOSIÇÃO RECOMENDADA - OMS (1)


Cloreto de sódio                                      3,5g
Citrato trissódico, diidratado                        2,9g
Cloreto de potássio                                   1,5g
Glicose                                              20,0g


 

Em caso de diarréia, a solução de reidratação oral deve ser preparada imediatamente antes do consumo. Para preparo da solução, o conteúdo de um envelope deve ser dissolvido em um litro de água fervida, após o resfriamento. A solução não pode ser fervida depois de preparada, mas pode ser conservada em geladeira por até 24 horas. Pode ser ingerida de acordo com a aceitação, com freqüência e volume proporcionais à intensidade da diarréia. Deve ser alternada com outros líquidos (água, chá, sopa). A alimentação deve ser reiniciada após 3 a 4 horas de aceitação adequada da reidratação oral. Nos lactentes, o aleitamento materno deve ser mantido. Nas diarréias mais acentuadas, um Serviço de Saúde deve ser procurado o mais rápido possível os casos graves devem ser hospitalizados para hidratação venosa até a melhora das condições clínicas da pessoa e, tão logo quanto possível, a reidratação oral deve ser feita simultaneamente. Os medicamentos antidiarréicos estão contra-indicados no tratamento da cólera. Esses medicamentos diminuem os movimentos intestinais (peristaltismo), facilitando a multiplicação do V. cholerae. Como resultado, ocorre piora ou aumento na duração da diarréia. Do mesmo modo, não devem ser utilizados adstringentes (caolin-pectina, carvão), uma vez que podem perpetuar a perda de eletrólitos (sódio e potássio) pelas fezes.

Em crianças, devem ser evitados medicamentos contra vômitos, uma vez que podem ocasionar intoxicação, com diminuição do nível de consciência e movimentos involuntários, dificultando a ingestão da solução oral de reidratação. Além disso, essa medicação é geralmente desnecessária, uma vez que os vômitos tendem a cessar com o início da reidratação. Na maioria dos casos, mesmo nas formas graves, a recuperação é completa e rápida, apenas com a reidratação. Nas formas graves, os antibióticos quando iniciados nas primeiras 24 horas de doença, podem diminuir a duração da diarréia e, com isto, as perdas de líquido e eletrólitos, o que facilita a terapêutica. Porém, o uso indiscriminado de antibióticos aumenta o risco do surgimento de resistência no V. cholerae (e em outras bactérias intestinais), o que pode dificultar o tratamento das formas graves.

 

D - Porque no Nordeste

 

Estudos tornam evidentes a complexidade do processo de determinação da cólera e a importância dos determinantes sociais e do ambiente natural ou modificado na regulação da intensidade da produção e difusão da epidemia. Condições ambientais precárias, abastecimento de água insuficiente e sistemas de esgoto inadequados são freqüentemente citados como os maiores obstáculos para o controle do desenvolvimento de surtos e epidemias por cólera. A evolução geográfica e a instalação da epidemia em determinados locais mostram que a mesma segue o curso da pobreza e da ausência de saneamento básico. Torna-se evidente que é impossível evitar a entrada do V. cholerae em qualquer comunidade, mas que ele não consegue se disseminar e provocar surtos e epidemias em locais com boa infra-estrutura em termos de saneamento básico, particularmente no que tange ao fornecimento de água potável de qualidade e em quantidades adequadas. (2) A epidemiologia permite reconhecer que a distribuição e a importância dos fatores que operam no aumento de um determinado risco não são necessariamente os mesmos em todos os grupos da população. O reconhecimento desses grupos supõe, por sua vez, a seleção de intervenções sociais e sanitárias apropriadas, para diminuir ou eliminar os fatores específicos de risco.(2) Quando avaliamos a relevância da doença em uma determinada região, como o Nordeste, podemos levar em conta as seguintes variáveis independentes: a) percentagem de domicílios que utilizam água não proveniente de uma rede geral; b) percentagem de domicílios sem rede interna de abastecimento de água; c) percentagem de domicílios sem instalações sanitárias; d) percentagem de domicílios não ligados à rede geral de esgotos; e) percentagem de domicílios em que o lixo não tem destino adequado, ou seja, não é coletado, queimado ou enterrado; f) percentagem de chefes de família sem nenhuma instrução ou com no máximo um ano de instrução; g) percentagem de chefes de família sem nenhuma renda ou com renda de no máximo um salário-mínimo; h) variável de interação 1 - percentagem de domicílios que utilizam água não proveniente de uma rede geral/percentagem de domicílios sem instalações sanitárias; i) variável de interação 2 - percentagem de domicílios que utilizam água não proveniente de uma rede geral/percentagem de domicílios sem rede geral de esgotos.(2) Quanto à presença de rede de esgotos e a presença ou não de instalações sanitárias foi observado que enquanto a ausência de rede geral de esgotos promove uma variação positiva da taxa de incidência, a ausência de instalações sanitárias mostra-se como fator de proteção para a transmissão da doença. A ausência de instalações sanitárias, significando a ausência de sanitário intra ou peridomiciliar - excluindo portanto mesmo a "casinha" com fossa negra - indica que os moradores fazem suas necessidades ao ar livre, sem local definido. Esse achado sugere que a presença de instalações sanitárias, sem que haja destino adequado dos dejetos, proporciona uma concentração destes, aumentando o risco de contaminação ambiental, inclusive a contaminação de cursos de água utilizados para consumo humano. Os resultados da regressão apontam que instalações sanitárias, sem destino adequado do esgoto, se constituem em fator de risco para disseminação da cólera. Isso reforça a tese de que a prioridade número um em termos de saneamento é a oferta de água de boa qualidade e em quantidade suficiente, necessária mesmo para o bom funcionamento das instalações sanitárias e o escoamento dos esgotos, quando existir uma rede geral ou fossa séptica. (2) Presente há dez anos no Brasil, a cólera não dá sinais de que desaparecerá em curto espaço de tempo, mostrando tendência a endemização, com ocorrência regular de casos e/ou flutuações cíclicas de maior ou menor gravidade nos locais onde as condições ambientais favorecem a circulação do Vibrio cholerae (Koch, 1884). (4) A partir de fevereiro de 1992, o Ministério da Saúde passou a adotar o critério clínico-epidemiológico, atendendo à recomendação da Organização Pan-americana de Saúde e de profissionais de saúde do Brasil que faziam pressão nesse sentido, inclusive com divulgação de estatísticas paralelas. Como não houve revisão dos casos notificados, até aquela data somente foram confirmados os casos pelo critério laboratorial. (4) No Brasil, o critério de definição de casos adotado pelo Ministério da Saúde (1994) é o laboratorial pelo isolamento do V. cholerae patogênico (O1 e O139) e o clínico-epidemiológico, que alia, além dos dados de sinais e sintomas, aspectos epidemiológicos, como procedência, idade e ocorrência de cólera, confirmada em laboratório de pacientes ou ambiente em área comum. A avaliação das condições de vida e saúde da população brasileira aponta hoje para um quadro de extrema gravidade. Ele se traduz na sobreposição de padrões de morbidade e mortalidade distintos, em que o avanço dos padrões ditos de modernidade, doenças crônico-degenerativas e violências, entre outras, se associam à persistência de padrões identificados com o atraso e o subdesenvolvimento, como as doenças infecciosas e parasitárias. Em um curto espaço de tempo, houve uma diminuição significativa na participação das doenças infecciosas e parasitárias na mortalidade brasileira. Passou de segunda causa, em 1977, para quinta causa identificada, em 1984, caindo de 9,3% dos óbitos, em 1980, para 7,6%, em 1984. Em 1996, 1997 e 1998, as doenças infecciosas e parasitárias figuraram como sexta causa de mortalidade no Brasil, sendo responsáveis por, respectivamente, 5,8, 5,3 e 5,2% do total de óbitos ocorridos. Para isso, contribuiu a possibilidade crescente de acesso da população a bens e serviços essenciais, ainda que distribuídos de forma desigual e concentrados nos contingentes populacionais localizados nos bolsões de desenvolvimento. Na região Nordeste, as mortes relacionadas a doenças infecciosas e parasitárias ainda são um componente importante na estrutura da mortalidade infantil e da infância. Representam cerca de 16,5% do conjunto total de óbitos. Essa proporção pode ser mais elevada, visto que nessa região persistem altos índices de causas mal definidas, com 22% do total de óbitos em 1998, o que pode ter mascarado os percentuais relacionados às mortes por doenças infecciosas e parasitárias. Causas não determinadas referem-se, preferencialmente, a grupos sociais mais carentes que, durante o processo doença-morte, deixaram de ter acompanhamento médico. No Brasil, entre 1991 e 1998, foram notificados ao Ministério da Saúde, pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), do Ministério da Saúde, 1.918 óbitos por cólera. No mesmo período, o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), gerenciado pelo Departamento de Informática do SUS (Datasus), também do Ministério da Saúde, registrou 1.295 óbitos. A avaliação do impacto da circulação do V. cholerae na mortalidade pode ser realizada indiretamente, por meio de modelagem estatística, estimando-se o excesso de mortalidade durante a vigência da epidemia, calculado como a diferença entre o número de óbitos observados e os esperados na ausência da epidemia. Essa abordagem já foi consagrada no estudo do impacto da circulação do vírus Influenza e dos efeitos deletérios da poluição atmosférica. (3)

 

E – Educação em Saúde

 

O conhecimento popular é construído a partir das histórias de vida e condições materiais de existência da população, daí a sua grande importância. Contudo, este conhecimento é insuficiente para enfrentar questões como, por exemplo, as epidemias de dengue e cólera ou endemias como a esquistossomose. Por outro lado, o conhecimento científico que tem por base a formação universitária, também não é auto-suficiente, segundo Valla este, "revela lacunas justamente nas áreas de conhecimentos que se relacionam com os problemas agudos da população trabalhadora (problemas de aprendizagem de crianças das classes populares, vigilância epidemiológica e sanitária, saneamento básico, por exemplo)". Nesse sentido "a ótica elitista dos currículos universitários faz com que assuntos tratados nas universidades freqüentemente passem ao largo de questões de educação e saúde ligadas às necessidades da população."

Assim, quando falamos em prevenção, é necessário, incorporar a questão da educação em saúde. Compreendendo a educação em saúde como um processo de troca de conhecimentos que ocorre entre a população e os profissionais, no sentido de complementaridade e construção, desconstrução e reconstrução de saberes. Consideramos, ainda, que neste processo os sujeitos envolvidos - profissionais e população - são detentores de um acúmulo de conhecimentos e que cada um precisará dos conhecimentos do outro para poder se comunicar e garantir, no final do processo, uma nova aprendizagem.

A educação em saúde permite ao assistente social auxiliar a população a fazer-se agente de mudança, através de uma postura consciente e crítica, diante dos seus problemas. Portanto, qualquer atividade interventiva, em relação à cólera, não deveria ser realizada sem conscientização e efetiva participação da população. (5)

 

II. conclusões

 

Para a prevenção da contaminação é necessária a adoção de uma conduta educativa da população em relação à manipulação e preparo dos alimentos, a cloração da água com hipoclorito de sódio a 2,5% antes de ser utilizada para consumo, educação sanitária e um monitoramento ambiental através da coleta e análise das amostras retiradas da região endêmica. Para pacientes já contaminados, tratar com hidratação oral para casos leves a moderados. (1) Regiões que utilizam medidas de prevenção têm observado uma queda no número de casos de cólera, daí a importância de uma abordagem específica junto à população.

 

Referências

 

(1) L. G. F. Pedro, T. M. P.P. Castiñeiras, F. S. V. Martins “Cives Centro de Informação em Saúde para Viajantes” disponível em: https://www.cives.ufrj.br/informacao/colera/col-iv.html

Acesso em 10 out 2004

(2) M. Gerolomo; M. L. F. Penna “Cólera e Condições de Vida da População.” Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-

89102000000400005&lng=pt&nrm=isso

Acesso em 15 out.2004

(3) M. Gerolomo; M. L. F. Penna “Sobremortalidade por diarréia simultânea à cólera na região Nordeste do Brasil.” Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?

Script=sci_arttext&pid=S0034-89102004000400006&lng=pt&nrm=iso

Acesso em 15 out.2004

(4) F. de A Pedrosa.; R. A. de A. Ximenes “Validação do critério diagnóstico clínico-epidemiológico para confirmação da cólera.” Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102003000300005&lng=pt&nrm=iso (4)

Acesso em 15 out.2004

(5) A. A. G. de Moura; A de L. Araújo; A P. V. Duarte; M. do S. M.Duarte “Educação em Saúde na Prevenção da Esquistossomose com escolares de 1º Grau em Maracapana PE.” Disponível em: https://www.proext.ufpe.br/cadernos/saude/educa.htm

Acesso em 15 out.2004

 

 

 

 

SANTOS, A.  &  CAMPOS JR., O.  2002  Saúde Ambiental e envelhecimento: conseqüências da interação homem-ambiente.  Revista O Mundo da Saúde, vol. 26, n. 4 – out/dez/2002, São Paulo, Ed. Do Centro Universitário São Camilo, p.479-482.

 

Saúde Ambiental e Envelhecimento: conseqüências da interação Homem-Ambiente

 

Amélia dos Santos  e Oswaldo Campos Junior

 

Resumo

Este artigo de opinião e reflexão, aborda de modo multidisciplinar à problemática das relações entre o ambiente e o envelhecimento humano, representando uma abertura das Ciências Biológicas à problemática do envelhecimento, através de uma serie de exemplos, na busca da compreensão holística dos desafios causados pela vida de hoje. Várias causas do envelhecimento relacionadas ao ambiente são abordadas buscando apontar uma serie de considerações que estimulam a reflexão sobre o tema: Ambiente-Envelhecimento. O artigo mostra de forma despretensiosa que é urgente e necessária a conscientização de que a base de nossos problemas reside na falta de interação Homem-Ambiente e que um esforço entre educação em saúde e educação ambiental é premissa para a melhoria da qualidade de vida.

 

UNITERMOS: Educação Ambiental; Saúde Ambiental; Envelhecimento

 

Segundo Azevedo 1998, “a passagem da infância para a idade adulta é considerada um processo de amadurecimento”. Quando chegamos a terceira idade, somos o resultado de todas as características desenvolvidas neste processo, somadas àquelas da relação com o meio em que vivemos, e é claro, àquelas individuais com as quais nascemos e desenvolvemos durante toda a nossa vida.

Desta forma, o processo de envelhecimento é natural e pode ocorrer de forma saudável, dentro de “um bem estar físico, psíquico e social do ser humano” (Grynszpan, 1999), ou sofrer aceleração, sendo acompanhado da presença de doenças.

O processo de envelhecimento orgânico está ligado a alterações estruturais e/ou funcionais, típicas desta fase de amadurecimento, como queda da imunidade, variação da produção hormonal, predisposição hereditária a certas doenças, perdas celulares e queda de funções de manutenção do processo vital. Isto somado às relações atuais com agentes ambientais agressivos, sejam em termos globais ou do entorno, potencializam virtualmente o envelhecimento precoce, hoje uma realidade mundial. De acordo com Rondó Jr. 2000, nunca nenhuma geração esteve tão exposta a estas agressões como a nossa.

Se pensarmos em agentes agressivos em termos globais, chegamos mais facilmente à identificação de alguns do que de outros. Por exemplo, Johansson et al 1993, apud WHO 1999, diz que nos próximos cinqüenta anos, os combustíveis fósseis e de biomassa, certamente continuarão a ser usados como principal fonte de recurso energético no mundo, e observa que de sua combustão partem os principais poluentes do ar, como CO2, CO, NOx, SO2, hidrocarbonetos e partículas. 

Estes poluentes determinam diretamente impactos sobre a saúde humana e, especialmente em grupos mais fragilizados à exposição, como idosos e crianças, em termos de intoxicações e principalmente sobre o  aumento de doenças que afetam o aparelho respiratório.

Impactos sobre a saúde humana, determinados por outros tipos de agentes ambientais agressores, como a depleção da camada de ozônio e mudanças climáticas, já não possuem fácil nem tampouco simples, identificação e quantificação.

Sabemos que o aquecimento global, ligado em parte à depleção da camada de ozônio e aos gases de efeito estufa, provocam variações de temperatura regionais que incidem sobre as máximas de verão e mínimas de inverno, além de causarem alterações nas curvas de precipitação de algumas regiões.

Este fato produz um estresse térmico, com substanciais ondas de aquecimento, redução de temperaturas mínimas ou mesmo de temporadas de inverno, potencialização do efeito da poluição aérea, deterioração da qualidade de produção e conservação de alimentos e potenciais mudanças na distribuição e ocorrência de vetores de doenças. Além disso, estabelece condições favoráveis ao desenvolvimento dos ciclos de vida de organismos patogênicos, e por vezes, esta situação é agravada pelo aumento de transmissão de doenças via água e alimentos, em associação com a ocorrência de enchentes, devido às alterações das curvas de precipitação locais.   

Tudo isto gera impactos diretos e/ou indiretos sobre a saúde humana, em especial sobre grupos etários mais avançados, onde a condição orgânica o habilita menos habilmente a enfrentar estes agentes ambientais agressores. Decorre daí um aumento da mortalidade e morbidade associadas tanto aos eventos específicos das mudanças climáticas do tipo de ondas de calor e frio, como das doenças emergentes e ressurgentes por elas estabelecidas.

Quando pensamos na rede causal que tem favorecido o envelhecimento precoce, não podemos deixar de lado a análise dos agentes ambientais agressores do nosso entorno, relacionados mais intimamente ao nosso estilo e qualidade de vida.

A atenção sobre a inter-relação saúde-doença-alimentação, já é preconizada por Hipócrates, na antiguidade clássica:  “O alimento  é o seu remédio; e o seu remédio é o alimento”. As investigações científicas a este respeito, iniciam-se com Lavoisier e Liebig no século XVIII e a partir daí, houve um avanço rápido do conhecimento em relação não apenas ao valor nutritivo dos alimentos, mas também das influências negativas e positivas decorrentes de sua ingestão prolongada sobre o organismo, especialmente sobre o sistema imunológico.

Rondó Jr. 2000, destaca a relação direta entre este avanço no conhecimento científico e a industrialização dos alimentos. Reconhece, porém, que não obstante desconhecermos a importância e a necessidade da industrialização, não podemos deixar de registrar a contribuição deste processo à perda de propriedades positivas dos alimentos, bem como um aumento da presença, na alimentação diária, de elementos prejudiciais à saúde. 

Segundo a visão da Medicina Preventiva Molecular, Saúde e Doença podem ser definidas como “um estado criado pelo impacto sobre a genética individual, transformando as moléculas no ambiente interno e externo”. Esta visão facilita o entendimento das razões que determinam o aumento de cansaço, fadiga, memória fraca, problemas gastrintestinais, estresse e doenças degenerativas.

Pensando molecularmente, identificamos dois grupos de moléculas: envelhecedoras e conservadoras. As primeiras causam ou facilitam as mudanças na fisiologia ou na fisiopatologia molecular do envelhecimento e da agressão causados por infecções ou agentes ambientais; as segundas promovem a neutralização da atividade envelhecedora e previnem a agressão molecular. Neste sentido, a análise do oxigênio é paradoxal. Ao mesmo tempo, representa o início e o fim da vida. Células e tecidos necessitam de oxigênio para estarem vivos, porém é a oxidação, um processo espontâneo e natural, que também os envelhecem.

A oxidação é o fenômeno base no processo do envelhecimento, não obstante o organismo, em condições normais, possuir formas de preservar a saúde através de outro processo bioquímico, a redução, realizada pelas moléculas conservadoras. Entretanto, este efeito neutralizante pode deixar de ser suficiente, quando houver acúmulo de impurezas e substâncias agressoras, podendo causar desde cansaço até doenças degenerativas. Um bom exemplo disto são os radicais livres. De todo oxigênio que respiramos, 95% serão usados para a geração de energia, porém, os 5% restantes são transformados no organismo em radicais livres, como superóxido, peróxido de hidrogênio e radical hidroxila (Rondo Jr., 2000).

Além do oxigênio, outros elementos também geram radicais livres, como alimentos que contêm agrotóxicos, aditivos, estresse, tabagismo, radiação, algumas drogas sintéticas, transplantes de pele ou órgãos, toxicidade por metais pesados, poluição, etc.

Outro ponto importante e problemático de se observar é a água, tão necessária à manutenção da vida. É constituinte de 65 a 75% do nosso corpo, mantém o sistema equilibrado, descarrega excessos e toxinas, lubrifica a pele, regula a temperatura corpórea, age como um absorvente de impacto para articulações, ossos e músculos, acrescenta minerais necessários e transporta nutrientes, minerais, vitaminas, proteínas e açúcares para assimilação. Se por um lado a água é tão importante e necessária, por outro lado temos um problema sério: o tipo de água de que dispomos para consumo.

A maior parte de nossa água potável, hoje é tratada com cloração e fluoretação. A adição do cloro à água é para se evitar o crescimento de fungos e bactérias nocivos. Apesar disto, hoje se conhece o fato de que a combinação do cloreto com a gordura advinda da alimentação, forma uma substância pastosa que aderida às paredes arteriais, propicia o aparecimento de arteriosclerose e doenças cardíacas.

Além disto, quando o cloro é adicionado à água, reage com ácidos presentes nos reservatórios, formando o trihalo-metano, associado ao aumento do risco de câncer. Por outro lado, a fluoretação, importante na redução de cáries, também interfere na ação de algumas enzimas, agride a formação normal do feto, atua na formação da úlcera gástrica, cistite e enxaqueca, potencializa o acúmulo de alumínio, o que pode gerar e agravar a osteoporose e potencializar a manifestação da doença de Alzheimer.

Em adição aos possíveis efeitos do tratamento dado à água potável, outros agentes contaminantes podem veicular doenças sérias associadas a parasitas, vírus e bactérias, bem como, por infiltração e contaminação de lençóis freáticos, por pesticidas, radioatividade, aditivos da gasolina, solventes de limpeza, metais e produtos desinfetantes, hoje correlacionados não somente à má formação do feto, como também ao câncer de pulmão, fígado, rins e doenças do coração.

Em relação ao restante dos alimentos, somos submetidos, a cada refeição, a agressões ao nosso sistema orgânico, que vão desde a perda parcial de nutrientes importantes, à ingestão de substâncias nocivas à saúde, como pesticidas e agrotóxicos em vegetais, antibióticos e hormônios em pequenas dosagens, usados para garantir o êxito de criações de animais, conservantes e aditivos. Nessa medida, é possível entender as razões pelas quais os relatórios da OMS (apud Pascalicchio, 1998) afirmam que 75% dos 49 milhões de mortes por ano devem-se a doenças relacionadas a questões ambientais ou estilos de vida.

O que podemos depreender de tudo isso é que o processo natural de envelhecimento, nunca esteve tão ladeado por tantas situações de risco ao aparecimento e desenvolvimento de doenças e a consequente aceleração do processo.

É urgente e necessária, portanto, a conscientização de que a base de nossos problemas reside na falta de interação Homem-Ambiente, que trouxe e continua trazendo sérias consequências, entre elas o aparecimento de doenças e incapacidades físicas.

Segundo Castellano (s/data), “a ação de cada um repercute na vida de todos e toda destruição ambiental torna-se uma forma de agressão coletiva”. Assim, uma Educação que se oriente para a interação Homem-Ambiente se depara com um problema de dupla natureza: cognitiva e ética.

Desta forma, torna-se imperativo que haja além de um trabalho permanente de integração entre educação em saúde e educação ambiental, uma integração entre Instituições de Pesquisa, Empresas e Governos, no sentido de relacionar a educação em ciência a aspectos econômicos e éticos, de forma que futuramente possamos ter um panorama melhor em termos de qualidade de vida de forma geral e de uma vida longa e livre de doenças incapacitantes.

 

 Referências Bibliográficas

AZEVEDO,  J. R. D.  Ficar Jovem Leva Tempo: um guia para viver melhor. São Paulo, Ed. Saraiva, 2ª ed., 204p., 1998

CASTELLANO, E.G. (ed.)    Desenvolvimento Sustentado: Problemas e Estratégias.  São Paulo, CNPq/FAPESP   421p.,  (s/data)

GRYNSZPAN,  D.  Educação em Saúde e Educação Ambiental: uma experiência integradora. Rio de Janeiro: Cad. Saúde Pública, 15(Sup. 2): 133-138, 1999

PASCALICCHIO, A.E. A questão ambiental e a saúde sob a ótica da sociodiversidade: Estudo do caso de São Sebastião.  In: VEIGA, J.E. da (org.)  Ciência Ambiental-Primeiros Mestrados.  São Paulo, PROCAM-USP  p.40-57, 1998

RONDÓ JR.,  W.  Prevenção: A Medicina do Século XXI – A Guerra ao Envelhecimento e às Doenças.  São Paulo: Ed. Gaia, 239 p.,  2000

WHO – World Health Organization - Regional Office for Europe    Early Human Health Effects of Climate Change.  Italy: EUR/ICP/EHRO 02 05 02, p.1-17,  1999

 

 

SANTOS, A.; CAMPOS JUNIOR, O.; TOFFOLI, F.F.; ROCHA, M.M.; LIMA, L.F.de; MARQUES, C.P.  2004  “Projeto Suarão: uma comunidade de aprendizagem. Diagnóstico de uma área para aplicação de um Modelo Metodológico Interdisciplinar e Multiprofissional, com eixo transversal em Educação Ambiental (Suarão, Itanhaém, SP, Brasil).”  In: Anais do II WEEC – II Congresso Internacional de Educação Ambiental, Rio de Janeiro, de 16 a 18/09/2004. CD-ROM.

 

 

PROJETO SUARÃO: “UMA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM”

DIAGNÓSTICO DE UMA ÁREA PARA APLICAÇÃO DE UM MODELO METODOLÓGICO INTERDISCIPLINAR E MULTIPROFISSIONAL, COM EIXO TRANSVERSAL EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL (SUARÃO - ITANHAÉM, SP., BRASIL)

 

 

Instituição e Apoio financeiro: Centro Universitário São Camilo, São Paulo-SP.

 

 

RESUMO

 

Este trabalho teve a intenção de apresentar os resultados preliminares de diagnóstico de uma área de propriedade da União Social Camiliana, localizada em Suarão, Itanhaém, litoral de São Paulo, SP, Brasil, para posterior implantação do Projeto Suarão, cujos objetivos gerais são: experimentação dos referenciais teóricos trabalhados com os alunos do Centro Universitário São Camilo, aprimoramento profissional, e desenvolvimento de um projeto de comunidade que proporcione melhor qualidade de vida aos moradores locais. Visam uma forma de aproveitamento real e auto-sustentável da área em questão.

O Projeto Suarão - uma Comunidade de Aprendizagem foi pensado e elaborado dentro de um Modelo Metodológico Interdisciplinar e Multiprofissional que envolva gradativamente todas as diferentes áreas do conhecimento do Centro Universitário, além de favorecer a integração dentro de um eixo transversal em Educação Ambiental.

Foi dividido em quatro fases: 1) Investigação e diagnóstico iniciais do local; 2) Tratamento e Análise dos dados; 3) Integração do trabalho nos níveis: multiprofissional e interdisciplinar; 4) Implantação de ações intervencionistas.

Ao Curso de Ciências Biológicas, coube a execução das duas primeiras fases, objeto deste trabalho, sendo que as outras duas fases encontram-se em desenvolvimento.

Esta fase inicial contou com uma participação multidisciplinar do Curso de Ciências Biológicas, sempre obedecendo a roteiros de trabalho interdisciplinares e com participação efetiva dos alunos.

A investigação procurou retratar o diagnóstico local e do município, através da composição dos seguintes perfis: histórico e de localização geográfica; demográfico e de distribuição espacial dos aglomerados urbanos; ambiental sob o ponto de vista de áreas impactantes e de influência; sanitário; sócio-econômico; educacional; de saúde, hábitos e costumes; de atividades desenvolvidas na área; das potencialidades locais e de seleção de pré-requisitos à implantação de ações de caráter intervencionista na ação educativa ambiental.

Os resultados apontaram para uma região que veio sofrendo o impacto de uma crescente urbanização não planejada. A partir deste diagnóstico, foram elaboradas algumas propostas, algumas já em execução.

 

Palavras-chave:Educação Ambiental, Diagnóstico Ambiental, Interdisciplinaridade

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

O Projeto Suarão: uma Comunidade de Aprendizagem (Modelo Metodológico Interdisciplinar e Multiprofissional com eixo transversal em Educação Ambiental), teve a intenção de propor uma forma de aproveitamento real e auto-sustentável para uma área de fazenda litorânea, de propriedade da União Social Camiliana., localizada em Suarão, município de Itanhaém, São Paulo, SP, Brasil.

Assim, o projeto prevê a transformação desta área em um espaço de aprendizagem coletiva, tanto para a experimentação dos referenciais teóricos trabalhados com os alunos do Centro Universitário São Camilo, aprimoramento profissional de docentes e funcionários, como para o desenvolvimento de um projeto de comunidade que venha proporcionar uma melhor qualidade de vida aos moradores locais.

Para tanto, é necessário não se perder de vista as razões que tem alicerçado os problemas ambientais, sociais e de saúde com os quais nos deparamos hoje. Dentre eles, as diferentes formas históricas de apropriação humana dos recursos naturais, o gradativo distanciamento na relação Homem/Ambiente, o desprezo à capacidade suporte do ambiente a atender as necessidades humanas, além do fato de termos nos tornado uma sociedade imediatista e consumista por excelência, sem atenção a valores éticos e morais importantes, o que tem auxiliado a geração de situações adversas graves.

Neste sentido, alguns autores mencionam a impossibilidade de se dissociar a saúde da dimensão ambiental (Almeida Rocha, 1993), especialmente quando se constata que segundo os relatórios da OMS (OMS apud Pascalicchio, 1998), 75% dos 49 milhões de mortes por ano devem-se a doenças relacionadas a questões ambientais ou estilos de vida. (Pascalicchio, 1998), também afirma que a dimensão e os desafios do processo saúde-doença “evidenciam a precariedade das abordagens fragmentárias de áreas especializadas do conhecimento”.

Na Educação, seja pela ânsia de transmitir o extenso e velozmente modificado volume de conhecimentos acumulados, como “fruto da necessidade de preservar e reproduzir a cultura e os conhecimentos da Humanidade” (Masetto, 1994), seja por ter refletido as tendências sociais, políticas e teórico-educacionais através do tempo (Krasilchik, 1996), observamos que a posição de transmitir conhecimentos acumulados, sem a preocupação de considerar o indivíduo como parte de um todo ambiental, estabelecendo uma visão fragmentada do conhecimento, veio fortalecendo o distanciamento da relação Homem/Ambiente.

Com vistas à necessidade urgente de se recolocar o Homem como parte integrante e dependente da Natureza para sua sobrevivência (Pascalicchio, 1998), baseamo-nos nos ensinamentos de Jean Piaget, que chegou à constatação de que o conhecimento humano se desenvolve, superando sua hereditariedade e se auto-regulando na resposta ao ambiente, ou seja, dentro de uma reconstrução interna com base na adaptação. Quando integra as estruturas físicas e psicológicas em sistemas coerentes nos processos de assimilação e acomodação, o indivíduo absorve o que o mundo lhe oferece, e pouco a pouco, o transforma e o incorpora ao seu acervo pessoal (Pulaski, 1986 apud DietzI & Tamaio, 2000). O final deste processo é definido como “representações sociais” (Reigota, 1998).

Assim, toda e qualquer transformação que se pretenda, dependerá de ações que viabilizem a reconstrução interna individual, com base no mecanismo de adaptação e na consequente revisão e reestruturação das representações sociais.

Como, segundo Paulo Freire (Freire, 1974 apud Libâneo, 1991), ”o Homem somente participará ativamente da história da sociedade, da transformação da realidade, se tiver condições de tomar consciência desta realidade, e mais, da sua capacidade de transformá-la”; a ação educativa se torna imprescindível, na medida em que media a aquisição do conhecimento, o desenvolvimento das capacidades intelectuais e éticas, e a formação de uma consciência crítica nos indivíduos, tornando-os agentes ativos na transformação das relações sociais (Libâneo, 199l).

Os pré-requisitos indispensáveis à construção e reconstrução coletiva, do projeto de Educação Ambiental aqui sugerido, abre espaço para reflexão e análise necessárias à prática educacional, na medida em que as características inerentes ao trabalho em Educação Ambiental tanto determinam a interface com as várias áreas do conhecimento, como exigem o confronto de nossas representações individuais com as diversas concepções de ambiente, de educação e de desenvolvimento sustentável existentes.

Neste sentido, também deverá promover a integração destas áreas do conhecimento, na reestruturação física, intelectual e social da área de estudo, sempre visando à melhoria na qualidade de vida, além de proporcionar aos alunos do Centro Universitário São Camilo a instrumentação experimental necessária à sua formação profissional, bem como o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais e éticas para a formação de uma consciência crítica, tornando-os agentes ativos na transformação das relações sociais e no exercício da cidadania.

Com base nos conceitos e valores aqui mencionados, é que está fundamentado o Projeto Suarão: uma Comunidade de Aprendizagem. Para operacionalizá-lo, foi dividido em quatro fases: 1) Investigação e diagnóstico iniciais do local; 2) Tratamento e Análise dos dados; 3) Integração do trabalho nos níveis: multiprofissional e interdisciplinar; 4) Implantação de ações intervencionistas.

As duas primeiras fases, executadas pelo Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário São Camilo, são tratadas neste trabalho, estando as demais em fase de execução.

Esta etapa inicial do projeto constou de um estudo do meio, com investigação inicial e construção de perfis, das variáveis ambientais, físicas, demográficas, biológicas, sanitárias, sócio-econômicas, culturais; da disponibilidade e tipo de atendimento das redes públicas locais de saúde e educação e das potencialidades e pré-requisitos locais para a implantação de ações intervencionistas.

 

2. METODOLOGIA

 

Foram realizadas três viagens de observação com docentes dos cursos de Ciências Biológicas, Fisioterapia e Pedagogia e duas viagens a campo, com a participação de discentes e docentes do curso de Ciências Biológicas.

A organização das equipes de trabalho foi multidisciplinar, obedecendo a um estudo cartográfico e roteiros construídos dentro de uma visão interdisciplinar. Assim, ao final desta etapa, contamos com o diagnóstico preliminar local, retratado pelos seguintes perfis:

v     Perfil histórico e localização geográfica da região litorânea do Estado de São Paulo e do local de estudo;

v     Perfil demográfico do município de Itanhaém e distribuição espacial dos aglomerados urbanos da área de estudo;

v     Perfil ambiental, sob o ponto de vista das atividades impactantes e áreas de influência, especialmente na área de estudo e seu entorno;

v     Perfil das atividades desenvolvidas na área de estudo;

v     Perfil sanitário da área de estudo e seu entorno;

v     Perfil sócio-econômico e de Hábitos e Costumes do município, área de estudo e entorno;

v     Perfil educacional – disponibilidade e tipo de atendimento da rede oficial local;

v     Perfil da saúde – disponibilidade e tipo de atendimento da rede oficial local;

v     Perfil das potencialidades locais e dos pré-requisitos necessários à implantação de atividades de caráter intervencionista na ação educativa ambiental, que possam ao mesmo tempo servir tanto à interação Homem/Ambiente quanto a auto-sustentabilidade.

Os roteiros utilizados para o levantamento de dados obedeceram aos seguintes métodos: análise florística e fitossociológica, através de Diagramas de Perfil, com medidas DAP, Índice de Escleromorfismo Foliar e de Área foliar (Meguro, 1994; Rizzini, 1997); análise de quantidade de serapilheira e da qualidade de sua fauna; análise da biodiversidade de animais dulcícolas e da qualidade de água, com testes químicos para Ph, Nitratos, Nitritos e Amônia, nas nascentes, lagoas e valas de drenagem; levantamento de dados secundários junto à bibliografia disponível e aos órgãos oficiais para dados históricos, demográficos, físicos, sanitários, sócio-econômicos, educacionais e de saúde; questionários e croquis para levantamento de distribuição espacial das moradias e infra-estrutura da área de estudo e seu entorno, bem como, para hábitos e costumes.

 

 

3. RESULTADOS/DISCUSSÃO

 

Segundo os dados históricos, a urbanização no município de Itanhaém é muito antiga, datando do Brasil-colônia. A cidade foi muito representativa politicamente e abrangia um território maior do que o atual, englobando até 1950, os municípios de Peruíbe, Mongaguá e Itariri. Sua formação cultural sofreu influência de vários povos, indígenas locais e nômades, portugueses e franceses, e se reflete não somente na arquitetura das construções, como também nos hábitos e costumes.

Além de patrimônio histórico-cultural das populações que ali viveram e ainda vivem, como os indígenas da Aldeia Rio Branco e comunidades tradicionais de caiçaras, Itanhaém também oferece uma grande diversidade de ecossistemas atrativos tanto à exploração técnico-científica, como à visitação turística.

Por esta razão, o município possui parte de suas áreas pertencentes a Unidades de Preservação. Mesmo assim, como os demais municípios vizinhos, a partir da década de cinquenta do século XX, Itanhaém sofreu invasão imobiliária de suas áreas, recebendo um forte impacto em seu aspecto físico e nos usos e costumes de sua população.

Atualmente a malha de construção urbana estende-se desde a planície litorânea ao interior, chegando por vezes ao sopé da Serra do Mar.

A paisagem local é composta basicamente por três compartimentos: planície litorânea, pequenos morros isolados e várzeas de rios. A esses compartimentos estão associados diversos tipos de solos, os quais por sua vez, condicionam juntamente com as condições climáticas encontradas, a vegetação ocorrente o que deveria ter sido observado quanto à tendência de uso da área. A inobservância destes parâmetros, determinam grandes impactos ambientais e perda financeira em atividades comerciais, que acabam por culminar em insucessos, a exemplo da tentativa de criação de gado bovino na Fazenda Suarão.

A área de estudo, tem sua maior parte localizada em área de restinga e sopé da Serra do Mar, vindo de encontro às características e vocação deste tipo de compartimento.

De acordo com a legislação vigente, este tipo de faixa deve ser destinada à preservação e/ou uso para lazer, o que está em conformidade com os objetivos gerais do Projeto Suarão.

Com respeito à cobertura vegetal da área de estudo, à exceção da área de mata preservada sobre a restinga, em transição com a própria mata secundária no sopé da Serra do Mar, a vegetação sofreu um acentuado grau de alteração por ação antrópica, uma vez que teve a implantação de sucessivas tentativas de diferentes usos desde a sua formação em 1914, como atividades na pecuária, agricultura e lazer, com resquícios até o momento.

Em consequência, a restinga foi invadida por espécies de distribuição geral, cosmopolitas, especialmente herbáceas.

Na área de mata sobre a Restinga, onde foram realizados os Diagramas de Perfil, observou-se a presença de maior número de espécies epífitas, provavelmente em função da menor interferência antrópica no interior da mata ou devido ao efeito de borda, que pode eventualmente, diminuir a diversidade, uma vez que a transição entre as formações litorâneas não se mostra como sendo de grande diversidade de fauna e flora terrestres.

Os diagramas de perfil também demonstraram que o local possui exemplares com alturas superiores a 10 metros, chegando a 15 metros e DAP (Diâmetro na Altura do Peito) superiores a 50 cm, chegando a 73 cm. Assim, a formação vegetacional estudada, segundo a Resolução CONAMA nº 7, de 23 de Julho de 1996, que estabelece os parâmetros básicos para análise dos estágios de sucessão de vegetação de restinga para o Estado de São Paulo, se caracteriza como sendo uma FLORESTA DE TRANSIÇÃO RESTINGA-ENCOSTA, em estágio médio a avançado de regeneração.

Há de se destacar que tal enquadramento, garante sua proteção legal, tendo em vista que “Florestas pertencentes ao Domínio da Mata Atlântica em estágios de regeneração médio ou avançados são protegidos por Lei, de acordo com o Código Florestal, e sua supressão é proibida”.

Quanto à análise da serapilheira da mata sobre a Restinga/Encosta, observou-se variação entre valores de peso úmido, que pode relacionar-se a diversos fatores como a diversidade e densidade florística dos locais amostrados, a declividade do terreno, altura do estrato arbóreo e cobertura arbórea proporcionando maior ou menor sombreamento (Leitão Filho, 1993; Moraes et al., 1993).

Quanto aos dados obtidos dos testes de amostras de água dos reservatórios e nascente, foram observados valores ao redor de 7 para o pH, portanto, em conformidade com as instruções da Resolução nº 20 do CONAMA, de junho de 1986 e Decreto no 8468/76, que fixam o pH entre 6 e 9, para a proteção à vida aquática.

Conforme Resolução CONAMA nº 20/86, o nitrogênio amoniacal é padrão de classificação das águas naturais e padrão de emissão de esgotos. A amônia é um tóxico bastante restritivo à vida dos peixes, sendo que muitas espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/l. Além disso, provoca consumo de oxigênio dissolvido das águas naturais ao ser oxidada biologicamente, a chamada DBO de segundo estágio. Por estes motivos, a concentração de nitrogênio amoniacal é importante na classificação das águas naturais e, normalmente é utilizado na constituição de índices de qualidade das águas.

Os nitratos são tóxicos, causando a metahemoglobinemia infantil, que é letal para crianças. Por isso, o nitrato é padrão de potabilidade, sendo 10 mg/l o valor máximo permitido pela Portaria 1469.

De acordo com os resultados obtidos, os níveis de nitratos encontrados nas amostras de água da área de estudo, estão dentro dos padrões de potabilidade, bem como, concordantes com os resultados para Nitritos e Amônia.

Os resultados do levantamento faunístico dulcícola são ainda preliminares, com identificação somente até gênero, família, ou mesmo em categoria taxonômica superior. O estudo deverá continuar para que possamos ter uma idéia mais próxima da realidade sobre a biodiversidade existente na região.

Da análise dos aglomerados populacionais observa-se uma significativa concentração na região urbana, tanto de domicílios permanentes, como de domicílios de ocupação ocasional, em razão da grande população flutuante, típica das férias de verão e inverno e finais de semana.

Quando observamos a população residente por faixa etária, nota-se que a grande maioria está incluída entre 0 e 44 anos, portanto uma população predominantemente jovem em uma cidade de atividade econômica baseada na prestação de serviços.

Da análise na área de estudo, da distribuição espacial, uso do solo e atividades desenvolvidas, observa-se que: (1) possui infra-estrutura e instalações em boas condições de uso para receber pessoas, porém falta gestão administrativa para o desenvolvimento de um plano de ações que otimize e organize sua utilização; (2) tem potencialidade para a implementação de vários projetos de utilização didático-pedagógica, mas que também ofereçam condições de um manejo sustentável e responsável; (3) possui alguns problemas que devem ser resolvidos, como: resíduos sólidos, distribuição de água para o entorno, fossas residências, falta de diretriz agro-zootécnica e ambiental, falta de plano de gestão ambiental e administrativo da propriedade; falta de aferição dos limites legais da propriedade; existência de fauna exótica preocupante, o gastrópodo Achatina fulica; inclusão de espécies vegetais não nativas, principalmente em área próxima a reservatórios de água e informação de ocorrência de doenças e/ou sintomas relacionados à contaminação por parasitas.

A partir do trabalho de confecção dos croquis pudemos observar que, a área de estudo possui uma privilegiada localização se considerarmos as características do meio físico, a exemplo da proximidade com a orla marítima e a vegetação de restinga, até as primeiras elevações da Serra de do Mar, com ocupação antrópica bastante esparsa. Inicialmente, no entorno imediato, deve ser ressaltado o caráter inconsolidado da ocupação. Trata-se de ocupação que vai tornando-se rarefeita, à medida que se afasta da rodovia Pedro Taques no sentido à Fazenda, distante aproximadamente, 2500 metros.

A ocupação nas áreas lindeiras à rodovia constituem-se predominantemente, de residências unifamiliares. Há um pequeno e deficiente comércio local, bem como uma creche municipal. A via é pavimentada até um trecho inicial, de aproximadamente 500m a partir da rodovia.

À medida que se aproxima da fazenda, essas residências vão se tornando mais escassas. Distante aproximadamente 1800m da Fazenda, toma-se uma via principal, com pequenas travessas perpendiculares, onde pôde-se constatar a presença de lotes perfeitamente demarcadados. Devido à baixa declividade, notou-se a presença de valas para escoamento das águas pluviais, bem como para a drenagem do solo.

Todas as habitações são abastecidas por eletricidade e por uma precária rede de água, proveniente da Fazenda Suarão, na qual constatou-se ao menos três vazamentos, ao longo do percurso. Os esgotos são lançados diretamente em fossas negras, não tendo sido observado lançamento nas valas.

As ocupações vão causando a retirada da vegetação. Importa observar que a vegetação é constituída por capoeira, regeneração de desmatamento anterior. A ocupação atual da Fazenda Suarão pode ser classificada basicamente em duas partes, quais sejam, as instalações sociais do empreendimento e as instalações destinadas a apoio e moradia das trabalhadores.

No primeiro caso, as instalações estão localizadas junto ao portão de entrada da fazenda. Ladeados junto ao sistema viário, os equipamentos sociais estão distribuídos ao redor de uma praça principal.

Devem ser destacados o alojamento, composto por quartos com sanitários, uma pequena capela, um parque aquático, chalés para visitantes, casas destinadas à residência do administrador, três pequenos tanques artificiais e um salão destinado a atividades coletivas. Margeando as piscinas e os chalés, existe uma pequena via que dá acesso aos reservatórios que abastecem o bairro, e à própria fazenda.

Á esquerda da entrada principal está localizada a quadra poliesportiva, algumas garagens de apoio e um campo de futebol, sem medidas oficiais. À direita de quem adentra a Fazenda, seguem-se áreas de uso diversificado em remanescentes de áreas de restinga.

Nessa via localizam-se diversas residências de funcionários, de ocupação esparsa, unifamiliares, abastecidas com eletricidade e, água derivada da nascente. Os esgotos domésticos são dispostos em fossas negras. As condições de salubridade das habitações podem ser consideradas razoáveis, ressaltando que são construções com mais de quarenta anos.

Sinteticamente, a fazenda pode ser definida como uma gleba de terra cuja ocupação se dá transversalmente à via de entrada, limitada, externamente por um pequeno córrego, e internamente pelas elevações iniciais da serra, o que dificulta a ocupação.

Notou-se a presença culturas de bananas e eucaliptos, na região de declive, e de pasto bastante degradado nas áreas mais planas, o que pode ser imputado à ausência de manejo e à presença de búfalos, espécie bastante rústica.

Quanto à disponibilidade da rede de Educação, Itanhaém conta com 06 escolas de Ensino Infantil, 24 de Ensino Fundamental e 04 de Ensino Médio. No bairro Suarão, existem 02 escolas de ensino Fundamental, uma estadual e outra particular e duas creches municipais.

A disponibilidade da rede de saúde no município resume-se a um hospital com 80 leitos e 15 unidades menores como postos, centros de saúde e clínicas especializadas, sendo 11 municipais e 4 particulares. Na área de estudo, há um Posto de Saúde próximo, para atendimento e vacinação.

Com a implantação de projetos específicos para o local de estudo há a possibilidade tanto de se reverter e/ou minimizar o impacto existente, como desenvolver atividades que sirvam a sustentabilidade, e à melhoria da qualidade de vida local, sob a ótica da Saúde Ambiental com eixo transversal em Educação Ambiental.

 

4. CONCLUSÃO

 

Nesta etapa inicial os problemas identificados na área de estudos foram os seguintes: resíduos sólidos e distribuição de água para o entorno, fora de padrões técnicos, fossas negras, falta de diretriz agro-zootécnica e ambiental, falta de plano de gestão ambiental e administrativo, falta de aferição dos limites legais da propriedade, existência de fauna exótica preocupante, Achatina fulica, inclusão de espécies vegetais não nativas em área próxima a reservatórios de água e, necessidade de averiguação da possível presença de vetores de doenças endêmicas.

Analisando o perfil das potencialidades locais e dos pré-requisitos necessários à implantação de atividades intervencionistas, foram sugeridas algumas estratégias de ação, abaixo mencionadas, algumas já atualmente em execução.

No que diz respeito à Gestão Ambiental e Administrativa: elaboração do zoneamento da área, para planejamento conjunto de ações que viabilizem medidas de redução de impacto e otimização da administração; aferir os limites legais da propriedade; construção de Mapas sob Ambiente GIS – Sistema de Gerenciamento Remoto por satélite. Neste sentido, já foram aprovados pelo Centro Universitário São Camilo e pela mantenedora os seguintes tópicos, já em execução: (1) criação “EASC – Estação Ambiental São Camilo”, na área de estudo; (2) os objetivos da EASC: atender ao Ensino, Extensão e Pesquisa, bem como, a sustentabilidade local; (3) criação de uma Comissão Gestora para a  EASC, com poder de análise, discussão e decisão; (3) criação de diretrizes para o Zoneamento da Estação Ambiental.

Quanto ao tratamento de Resíduos sólidos foi proposto: implantação da estratégia de Redução, Reutilização e Reciclagem “3Rs”; compostagem de lixo orgânico com aplicação de adubo em Horta e desenvolvimento de Oficinas de desenho, colagem e brinquedoteca. Já estão em execução a estratégia “3Rs” para o Centro Universitário como um todo e o desenvolvimento da Horta.

Para o Tratamento e distribuição de Água: instalação de filtros biológicos e de partículas na saída da distribuição; limpeza e adequação de Caixas d’água; sistematização da distribuição local e do entorno; orientação quanto ao uso racional com palestras e oficinas e criação de projetos de aquicultura. Foram elaborados manuais de Limpeza de Caixas d’água para o trabalho junto aos moradores locais e do entorno.

Quanto à disposição de esgoto doméstico: transformação das fossas negras em fossas sépticas, com controle da qualidade e canalização do sobrenadante; oficinas de orientação sobre o manejo adequado do esgotamento sanitário e sua importância na saúde ambiental para população local, do entorno e visitantes; investigação da situação da qualidade das águas nos pontos de recepção das valas no tributário do rio Branco que margeia a área de estudo. Esta última, já está sendo executada, através de projeto de Iniciação Científica do Centro Universitário.

Quanto às espécies vegetais nativas e não nativas: estudo de identificação e distribuição; implantação de Projeto de Revegetação; pesquisa das espécies nativas para cada ecossistema dentro da área de estudo; construção de estufa, com cultivo de mudas de espécies para revegetação; oficinas tanto para o estudo dos ecossistemas locais, como para o estudo de germinação, crescimento e desenvolvimento vegetal; oficinas de orientação e treinamento do pessoal local, tanto para a importância da preservação das espécies nativas quanto para a identificação e controle do desenvolvimento de não nativas; implantação de Projeto de Levantamento étnico-botânico de plantas com potencial de toxicidade, utilizadas pelos moradores da fazenda e do entorno; oficinas de identificação de plantas tóxicas e análise de seus efeitos na saúde.

Em relação à fauna: pesquisa e identificação da fauna exótica; implantação de Projeto sobre Biodiversidade dos Macroinvertebrados Bentônicos de Água Doce; pesquisa e identificação da fauna nativa; planejamento de ações de retirada da fauna exótica e possível substituição por espécies nativas; oficinas de orientação sobre o impacto da fauna exótica.

Quanto às Diretrizes Agro-Zootécnicas: escolha de espécies de interesse nutricional e econômico, minimizando o impacto e otimizando a atividade de forma rentável; montagem de uma mini fazendinha para exposição a visitantes.

Em relação a atividades complementares, também foi proposto: o reconhecimento e demarcação de locais para o desenvolvimento de Trilhas interpretativas de diferentes níveis de dificuldade, tanto de percurso como de conteúdo trabalhado, dirigidas aos diferentes níveis da Escola Formal e ao público em geral, já em execução através da implantação do Zoneamento da EASC; Cursos teórico-práticos de Educação Ambiental, Práticas em Meio Ambiente e Saúde Ambiental, para capacitação e aperfeiçoamento docente nos níveis Fundamental, Médio e Superior; Curso teórico-prático de Agentes e Monitores Ambientais, já elaborado e em fase de implantação; Curso e/ou Oficina sobre Técnicas Agrícolas com menor impacto sobre o ambiente; parcerias com profissionais locais para o desenvolvimento de atividades junto à população em Saúde e Educação; busca de vetores de doenças endêmicas, já realizado para a Esquistossomose mansônica, obtendo-se negatividade de contaminação para Biomphalaria tenagophila; instalação de equipamentos para exercícios proprioceptivos, indicados tanto ao tratamento fisioterápico, como para dinâmicas lúdico-pedagógicas,como parte do programa de visitantes; estabelecimento de parcerias entre a EASC e instituições que possam otimizar o desenvolvimento da pesquisa no litoral sul do estado de São Paulo.

Em relação à integração multiprofissional das áreas do conhecimento do Centro Universitário São Camilo, foi proposta a participação inicial dos cursos a seguir: (1) Ciências Biológicas - suporte técnico-científico dirigido a todas as atividades realizadas na EASC; (2) Fisioterapia - atuando como suporte técnico-científico dirigido a todas atividades que envolvam exercício físico, bem como, o envolvimento nos projetos de auxílio à área de saúde local e a criação das dinâmicas lúdico-pedagógicas para visitantes; (3) Pedagogia - atuando como suporte técnico-científico no acompanhamento e orientação de todas as atividades desenvolvidas na EASC; (4) Enfermagem – como suporte técnico-científico dirigido a todas atividades que envolvam exercício físico e interagindo com os programas de saúde locais; (5) Nutrição – orientando a dieta a ser seguida nas várias atividades desenvolvidas e interagindo com os programas de saúde locais.

 

 

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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